Em Recife e região teremos a participação de várias instituições que trabalham preocupadas com a realidade da atenção obstétrica brasileira e em
prol de ações contra a violência obstétrica. Violência que precisa ser
desvelada e refletida entre profissionais, instituições que oferecem
serviços de saúde, mulheres e sociedade civil.
A
Fundação Perseu Abramo, em 2010, revelou que 25% das mulheres
brasileiras sofreram violência durante o parto, a chamada violência
obstétrica. Entretanto, o fato das rotinas obstétricas / intervenções
desnecessárias terem se naturalizado na assistência ao parto e
nascimento, muitas mulheres acabam por experienciar partos
insatisfatórios e traumáticos, e o tomam como referência negativa; não
relacionando o fato da má experiência ao atendimento violento. O debate sobre Violência Obstétrica é, sobretudo, um debate sobre violência de gênero e sobre direitos reprodutivos da mulher. E para que se consiga combater uma opressão é preciso primeiro visibilizá-la.
Desta
forma, torna-se imprescindível dar visibilidade ao tema seja entre as
mulheres, seja entre os profissionais, com o intuito de sensibilizar
para a transformação das práticas obstétricas. Por parte das mulheres,
isto possibilitará a busca por seus direitos. Por parte do sistema de
saúde, pode ser uma das principais formas para se alcançar as
recomendações da Organização Mundial de Saúde na assistência ao parto,
que preza pela humanização e cuidado baseado em evidências científicas
com uso restrito e moderado de intervenções.
Assim,
o Grupo de Pesquisa Narrativas do Nascer/DAM/UFPE, em parceria com
outras instituições, incluindo o Instituto Nômades, propõe para a semana de 07 a 11 de abril uma
Jornada de Enfrentamento da Violência Obstétrica, que contará com mesas
redondas, debates, exibição do filme “O Renascimento do Parto”, oficinas
de sensibilização dentro de hospitais, entre outros. Nas
atividades serão abordadas principalmente questões relativas ao Recife e
região quanto à violência obstétrica na assistência vigente; direitos das mulheres no parto e quais os caminhos a serem
percorridos para a transformação desta prática.
Procedimentos violentos:
*Cesáreas feitas sem justificativa médica plausível (em Recife a taxa de cesáreas chega a
97% no serviço privado e no Brasil em geral a 53%, sendo a
recomendação da OMS de até 15% de cesáreas).
*Intervenções (como uso de soro com ocitocina, episiotomia, empurrões na
barriga, restrição de liberdade de posições e movimentos etc.) feitas
durante o parto sem justificativa e/ou consentimento da mulher.
-*Mulheres em trabalho de parto que não conseguem ser internadas em maternidades porque precisavam ter feito agendamento.
*Tratamento desrespeitoso (tais como frases humilhantes, negligência, etc.).
*Restrição da entrada de ao menos um acompanhante da escolha da mulher
durante qualquer momento do trabalho de parto, parto e pós-parto no
hospital, o que está contemplado em lei.
*Dentre outros.
Algumas das atividades são abertas ao público em geral e outras restritas às instituições. As informações podem ser conseguidas diretamente com os organizadores de cada ação.
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