Mostrando postagens com marcador Parteira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Parteira. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 1 de julho de 2014

Parteiras Tradicionais

Texto, de autoria de nossa colaboradora Júlia Morim, publicado no "Pesquisa Escolar Online", da Fundação Joaquim Nabuco, sobre Parteiras Tradicionais:

Júlia Morim
Consultora Fundaj/Unesco

Mães de umbigo, curiosas, parteiras do mato ou simplesmente parteiras são mulheres detentoras de conhecimentos acerca de costumes, técnicas e saberes “da arte de botar gente no mundo”, como chamou Mário Souto Maior. Essas mulheres, que sobrevivem de outras ocupações, vivenciam a mesma realidade sociocultural das mulheres atendidas e consideram seu ofício de parteira como mais uma de suas atribuições: “pegam menino” por solidariedade ou para suprir uma necessidade da comunidade onde vivem. Portanto, é comum não cobrarem pela atividade. Dia ou noite, embaixo de sol ou de chuva, “acodem” outras mulheres que dão à luz aos seus filhos em regiões de difícil acesso ou periferias de grandes cidades.

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010, p.15): 

estima-se que existe um número expressivo de parteiras tradicionais, principalmente das regiões Norte e Nordeste. Entretanto, não se dispõe de dados que expressem o real quantitativo das parteiras, pois existe um cadastramento insuficiente destas por parte das secretarias estaduais e municipais de saúde, visto que ainda é predominante a situação de não articulação do trabalho das parteiras tradicionais com o sistema de saúde formal.

Referências de saúde e figuras de liderança nos grupos em que atuam, exercem múltiplos papéis em suas comunidades (parteiras, agentes de saúde, mediadoras de conflitos, etc). Geralmente são mulheres mais velhas, sem formação acadêmica, mas com experiência e conhecimento acerca de técnicas, manobras e uso de ervas no ciclo de gestação, parto e pós-parto. Iniciam-se no ofício por acaso, destino ou “precisão” (por necessidade). 

A partir da primeira assistência, a mulher se faz parteira e, assim, passa a ser chamada para auxiliar outros partos. O aprendizado ocorre na prática e/ou com parteiras mais experientes. Algumas contam que a memória da experiência de seus próprios partos, observando as mulheres que lhe assistiram, foi ativada na hora em que precisaram ajudar as parturientes. Outras dizem que eram curiosas desde criança, que se escondiam embaixo da cama para ver a mãe dar à luz os irmãos ou ficavam escutando a conversa das mulheres mais velhas por trás da porta e, assim, já sabiam como agir na hora que fosse preciso. Em alguns casos, começam no ofício como auxiliares ou aprendizes de mulheres mais velhas e experientes nesse ofício. Atualmente, outro meio de adquirir conhecimento são os cursos de capacitação voltados para parteiras tradicionais promovidos pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde e/ou Organizações Não Governamentais (ONGs).
A prática do ofício das parteiras tradicionais consiste no acompanhamento da gestação, parto e pós-parto, com variações. Algumas parteiras são procuradas pela mulher durante a gestação. Outras não acompanham a gestação, apenas o parto e o pós-parto. Há casos em que apenas assistem o parto em si, ficando a responsabilidade pelos cuidados do pós-parto com os familiares da parturiente. 

Comumente, quando a mulher entra em trabalho de parto, alguém vai chamar a parteira, que, muitas vezes, antes de sair de casa pede apoio a Deus ou aos santos aos quais é devota. Essas mulheres levam consigo, quando disponível, o material para assistência ao nascimento da criança (tesoura ou kit da parteira fornecido nos cursos de capacitação). Na casa da parturiente, avaliam o bebê apalpando a barriga da mulher e a estimulam a se movimentar para “aumentar as dores” (contrações). Também são oferecidos chás e mingaus para “esquentar” e o bebê se “espertar” e achar “seu caminho”. Normalmente estão presentes familiares, vizinhas ou o futuro pai. Caso a parteira detecte algum problema e ache que o parto não deve acontecer em casa, a mulher é encaminhada ao hospital. 

Após o nascimento do bebê, algumas parteiras esperam a saída espontânea da placenta para então cortar o cordão umbilical, enquanto outras não. Geralmente, o corte do cordão é feito medindo três dedos a partir da barriga do bebê. Caso a placenta demore a ser expulsa, são utilizados chás, simpatias e orações como a de Nossa Senhora do Bom Parto ou a de Santa Margarida. Em último caso, a mulher é levada ao hospital.

Os primeiros cuidados com o bebê são prestados pela parteira, que comumente dá o primeiro banho e orientações quanto à forma de cuidar do coto umbilical do recém-nascido para que caia mais rapidamente. No pós-parto, por um determinado período de tempo, há uma série de restrições à puérpera tanto alimentares, quanto de atividades, a exemplo de não poder se abaixar, manter relações sexuais ou tomar banho com água fria. Entretanto, essas limitações vêm sendo modificadas ao longo dos anos, principalmente após as mulheres passarem a parir no ambiente hospitalar, onde os protocolos são diferentes.  Durante o período de resguardo, as parteiras dão orientações sobre alimentação, cuidados com o recém-nascido, por exemplo, e voltam à casa da puérpera para verificar seu estado de saúde e o do bebê. 

Apesar de não ser comum a cobrança do parto, por diversos fatores — a população assistida é carente; muitas parteiras acreditam que partejar é um dom divino e por isso não se deve cobrar; por não ser um trabalho oficial não esperam remuneração —, verifica-se uma troca simbólica pelo serviço prestado. A recompensa vem em forma de reconhecimento e agradecimento: são chamadas de mães ou madrinhas pelos filhos de umbigo e de comadres pelas mulheres que atendeu.

Ao longo dos anos, o número de partos atendidos por parteiras tradicionais vem diminuindo. Contribuem para esse fato, entre outras coisas, a diminuição da taxa de natalidade, o maior acesso aos serviços de saúde e a valorização do conhecimento biomédico. De acordo com o Instituto Nômades (2010, p.67),
Os saberes tradicionais relacionados à gestação, parto e puerpério, intimamente ligados ao conhecimento de ervas e à religiosidade, estão perdendo o espaço de transmissão que ocorria por meio da experiência prática e da observação durante o nascimento. Cabe destacar que muitas vezes esses saberes são de conhecimento da população em geral (a exemplo de interdições alimentares no pós-parto), principalmente das mulheres que vivenciaram a experiência de parir com a ajuda de uma parteira. Entretanto, há ainda a referência da comunidade a mulheres detentoras desses saberes e de outras “ciências”, que são as parteiras. 
Verifica-se uma mudança na forma de atuação da parteira, que passa a fazer o elo entre as mulheres e o serviço de saúde, muitas vezes acompanhando as parturientes até a maternidade. Devido à experiência acumulada, muitas parteiras enveredaram para o trabalho em hospitais, seja na função de auxiliar de enfermagem ou como parteiras hospitalares, e, mesmo aposentadas, continuam atendendo partos domiciliares e exercendo tarefas ligadas à enfermagem (aplicar injeção, fazer curativos, etc). (INSTITUTO NÔMADES, 2011). 

Recife, 23 de maio de 2014.

FONTES CONSULTADAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Parto e nascimento domiciliar assistidos por parteiras tradicionais [recurso eletrônico]: o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais e experiências exemplares. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:
 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto_nascimento
_domiciliar_parteiras.pdf
>. Acesso em: 21 maio 2014.

FUNDAJ. Parteiras tradicionais: entre a tradição e a contemporaneidade. Relatório de pesquisa. Mimeo. Recife, 2009.

INSTITUTO NÔMADES. Inventário Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco. Relatório Final. Mimeo. Recife, 2010. v. 1.

______. Inventário Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco. Relatório Final. Mimeo. Recife, 2011. v. 1.

SOUTO MAIOR, Mário. Como nasce um cabra da peste. 2. ed. Recife: Grumete Serviços Editoriais, 1984.

FONTE: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=1049%253Aparteiras-tradicionais&catid=50%253Aletra-p&Itemid=1

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Parteiras - Um Mundo pelas Mãos



Foto: Eduardo Queiroga
Assistentes, curiosas, parteiras do mato, cachimbeiras, fazedoras de emergência... São muitos os termos utilizados para denominar as representantes de uma ocupação considerada por muitos a mais antiga do mundo: as parteiras. E o ofício ganha agora uma exposição fotográfica itinerante que homenageia e retrata a tradição das parteiras de Pernambuco. 

Desde 2008 o fotógrafo, jornalista e professor universitário Eduardo Queiroga acompanha os projetos do Instituto Nômades, o  “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco” e o “Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco”. De lá para cá ele captou milhares de imagens. Dessas, foram selecionadas 160 fotos que irão compor exposição, catálogo e projeção e que vão passar pelos municípios pernambucanos de Palmares, Caruaru e pelo território indígena Pankararus, que abrange áreas dos municípios Tacaratu, Petrolândia e Jatobá, no Sertão do São Francisco. 

“Parteiras - Um Mundo pelas Mãos” retorna a estas três localidades onde o inventário ocorreu para "devolver" as imagens aos seus portadores e ao público em geral. A exposição é composta por 30 fotografias impressas em tecido no formato 100 x 150 cm e será montada em local público, de referência para as parteiras, na forma de um grande varal. O conceito da exposição passa por algo muito presente no cotidiano das parteiras: o pano costuma estar nos varais, nos quartos, faz as vezes de porta ou de divisória nas casas, acolhe o recém-nascido e abriga as mães. Haverá também a projeção em telão de 120 fotos e a distribuição gratuita, nos municípios visitados, de um catálogo com as fotografias da exposição e textos acerca do universo abordado. Também foram produzidos 4.500 postais colecionáveis.

“As fotografias foram estimuladas por uma vontade de aprender sobre quem são as parteiras tradicionais. Quem são essas mulheres? Como e onde elas vivem? Mas não busquei uma resposta definitiva”, afirma Eduardo Queiroga, responsável pelas imagens deste projeto que conta com o incentivo do Governo do Estado através do Funcultura Independente. 

 
Foto: Eduardo Queiroga
Apesar dessa liberdade no olhar, Queiroga diz ter trabalhado com alguns limites impostos por ele mesmo e pelo meio onde circulou. “Não poderia pensar na propriedade documental, no sentido de retratar fielmente ‘uma realidade’. Acredito na fotografia como uma linguagem encharcada de subjetividade. Poderia contar essa história de muitas maneiras, mas o fato de existirem tantas possibilidades e subjetividades não impede que a fotografia traga informações importantes para o registro dessa cultura”.

Além de promover a exposição, o projeto também pretende possibilitar a multiplicação e a continuidade por meio de um acervo que será doado para cada município, composto pelas fotos expostas impressas em papel fotográfico com suporte em PVC.


“Cada imagem, cada texto que integram a exposição e o catálogo carregam elementos das outras imagens e textos, mas trazem também uma perspectiva singular que modifica a visão do todo, como um caleidoscópio, que a cada volta vai formando uma figura diferente a partir de elementos da anterior”, diz Dan Gayoso, coordenadora do Instituto Nômades.
A exposição terá duração de sete dias em cada localidade.


Como surgiu o projeto

Foto: Eduardo Queiroga
A exposição “Parteiras - Um Mundo pelas Mãos” foi concebida como um desdobramento de um projeto maior, que inclui os inventários “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco” e “Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco”. Os projetos, desenvolvidos entre os anos de 2008 e 2011, utilizaram a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), criada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para identificar e registrar os saberes e as práticas de 225 parteiras de seis municípios e três etnias indígenas de Pernambuco como parte integrante do patrimônio cultural do Brasil
  
Além de “devolver” os resultados às parteiras e aos municípios que participaram da pesquisa, a equipe do Instituto Nômades pretende que a ação contribua com a valorização e o reconhecimento dos saberes e práticas das parteiras tradicionais, bem como para a promoção da diversidade cultural brasileira. “Muitas pessoas acreditam que o ofício das parteiras está em extinção. O que não corresponde à realidade. Os inventários mostram que ainda existem muitas parteiras em atividade, inclusive em grandes metrópoles... Em muitos lugares está havendo o retorno do parto domiciliar”, explica Dan.

À beira do rio

De acordo com Paula Viana, enfermeira obstétrica e parteira, a assistência ao parto e ao nascimento no Brasil não é homogênea. “Embora a maioria ocorra em ambiente hospitalar, partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ocorrem no país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste”, diz.

Mas engana-se quem pensa que apenas dificuldades financeiras ou de locomoção fazem com que parteiras sejam solicitadas. Mulheres em busca de uma vivência de parto mais respeitosa também têm buscado o serviço das parteiras tradicionais. E o grupo responsável pelos registros tem um exemplo vivo disso. Elaine Müller, antropóloga e professora universitária, engravidou pela primeira vez enquanto acompanhava as ações para elaboração do inventário “Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco”, o que possibilitou seu contato com as parteiras. Após certo receio, seguido de reflexões e confiança, Elaine optou em ter seu filho com a ajuda de uma parteira. “E eu pari lindamente Lourenço, com a ajuda de Prazeres (parteira), meu marido, minha mãe e a doula Dan”. Depois, ainda vieram Francisco e Magnólia, nascidos em um sítio, à beira do rio.

Serviço:
Exposição “Parteiras – Um Mundo pelas Mãos”
Realização: Instituto Nômades
Incentivo: Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura
Apoio: Grupo Narrativas do Nascer/UFPE e Grupo Curumim - Gestação e Parto
Apoio em Pankararu: Prefeituras Municipais de Jatobá e Tacaratu
Apoio em Palmares: Prefeitura Municipal de Palmares e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmares
Apoio em Caruaru: Prefeitura Municipal de Caruaru, Associação Caruaruense de Ensino Superior - ASCES e Associação de Parteiras Tradicionais de Caruaru

Cronograma das exposições:

Etnia Pankararu
Abertura: Sábado, 30 de março - às 17h30
Visitação: 30 de março a 05 de abril
Local: Praça da Igreja Santo Antônio, Aldeia Brejo dos Padres - Jatobá

Palmares
Abertura: Sábado, 20 de abril - às 18h
Visitação: 20 a 26 de abril
Local: Praça Doutor Paulo Paranhos, Centro - Palmares

Caruaru
Abertura: Sábado, 04 de maio – às 18h
Visitação: 04 a 10 de maio
Local: Hall da Prefeitura, Praça Teotônio Vilela - Centro


Vale lembrar que dia 05 de maio é o Dia Internacional da Parteira

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Parteiras tradicionais: um retorno à valorização do parto natural

Curiosidade, angústia, planejamentos... toda mulher grávida vive um misto de sentimentos na esperança de que seu bebê esteja e seja saudável, que seja uma pessoa boa, um ser humano de bom coração, que venha ao mundo de forma tranquila, sem sofrimento. Enquanto algumas mulheres, pensando na segurança do filho, escolhem o parto no hospital, algumas vezes através de cesárea, hoje muitas mães querem um parto mais humanizado e natural e algumas têm optado pelo acompanhamento das parteiras tradicionais. Aproveitando o Encontro Nacional Parteiras Tradicionais: Inclusão e melhoria da qualidade da assistência ao Parto Domiciliar no SUS, a IHU On-Line entrevistou, por telefone, a enfermeira e parteira Paula Viana. “Uma vez, no interior do Amazonas, conversei com uma médica e uma parteira. E a médica perguntou: ‘qual é a diferença do meu atendimento para o seu?’. Desta forma, a parteira respondeu: ‘a diferença é que você tem pressa e eu não’”, relatou.

Paula Viana é enfermeira-obstetra em Recife (PE), faz partos domiciliares e coordena o Grupo Curumim, uma organização não governamental feminista que desenvolve projetos de fortalecimento da cidadania das mulheres em todas as fases de suas vidas.

Confira a entrevista:

Em que sentido a parteira é mais humana do que o médico em relação ao parto? 
Paula Viana – A parteira representa o elo entre a comunidade e o Sistema Único de Saúde (SUS). Elas têm um trabalho de atenção integral à saúde da mulher e da criança, pois acompanham toda a gravidez, conhecem a vida das famílias, chamam-nas pelo nome e representam o mesmo nível social e econômico dos clientes, o que aproxima ainda mais a parteira da mãe. Isso é fundamental para o momento da gravidez, do parto e do pós-parto.

O parto não é só um evento médico, é um evento social e familiar que tem a mulher como protagonista. Então a parteira tem essa capacidade de interagir de forma mais humana, no sentido do pensamento mais holístico. Não que não haja médicos que façam assistência desse tipo. Porém há uma distância maior entre médicos e médicas e as mulheres das comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombo, floresta, onde estão as parteiras tradicionais. Elas têm muito o que ensinar para nós. 

http://revistaraiz.uol.com.br


Uma vez, no interior do Amazonas, conversei com uma médica e uma parteira. E a médica perguntou: “qual é a diferença do meu atendimento para o seu?”. Desta forma, a parteira respondeu: “a diferença é que você tem pressa e eu não”. As parteiras não têm pressa mesmo, elas acompanham a mãe e isso torna o parto mais humano.

 Você pode descrever o panorama geral da situação das parteiras tradicionais no mundo?  
Paula Viana – Há um movimento internacional das parteiras, que reúne parteiras de vários países da América do Sul, do Canadá, do México, Europa. Esse movimento busca a valorização dessas trabalhadoras em saúde e também respeito às suas tradições. A tecnologia, quando entrou na sala de parto, veio para ajudar. Nós agradecemos porque existe a possibilidade da cesárea para que possamos salvar vidas. No entanto, essa tecnologia afastou a ideia do parto como um evento antropológico e social. A luta do movimento internacional é para que a parteira seja vista como uma aliada. Ela tem que ensinar ao sistema público de saúde, mas ela também tem que aprender. 

Hoje, quando e como uma mulher se torna parteira? 
Paula Viana – Existem alguns tipos de parteiras: tem a enfermeira-obstetra, que é uma parteira. Eu mesma sou uma enfermeira-obstetra, uma parteira domiciliar. Existe a parteira que faz um curso técnico de três anos que é treinada só para o parto normal e tem formações originais diferentes. Já a parteira tradicional é aquela formada pela experiência. Algumas dizem: “eu aprendi no susto”. Aqui no encontro há 26 parteiras tradicionais e 34 enfermeiras e médicos. Essas 26 trazem relatos muito interessantes quanto a sua formação. Uma disse que começou aos 12 anos de idade. Ela foi chamada numa primeira ocasião, depois é chamada de novo e com isso vão pegando experiência. A teoria é importante, a parte tecnológica da obstetrícia é fundamental, mas o que conta mesmo é o conhecimento empírico. Um dos intuitos desse encontro é dizer o quanto é importante que essas parteiras tradicionais repassem seus conhecimentos às mais novas.
 
O que acontece quando um parto dá errado? A quem a parteira pode recorrer?
 

Paula Viana – Esse encontro é a finalização de um processo que dura dez anos. Ao longo desse período percebemos que as complicações não acontecem porque a parteira está atendendo. Os problemas ocorrem porque não existe um sistema de saúde apoiando. A parteira que faz parte dos cursos e recebe material sobre cuidados tem a capacidade de acompanhar fatos que podem complicar na hora do parto. Se a mulher faz um pré-natal de qualidade e a parteira está próxima e ocorre algum problema, ela consegue diagnosticar precocemente. Quando o município dá apoio, certamente dispõe de sistema de transporte que possa levar em tempo a mulher e o bebê ao hospital. Hoje, a mortalidade materna e neonatal não tem relação com o trabalho da parteira tradicional.  

Qual a sensação quando um parto dá errado? 
Paula Viana – Ela se sente muito impotente. Muitas vezes as parteiras, como falei antes, têm um nível econômico muito parecido com o da mulher que está atendendo. Quantas e quantas parteiras que conheci colocam dinheiro do próprio bolso para pagar uma gasolina, o aluguel de um carro para levar a mulher a um hospital ou mesmo levá-la até a casa da grávida. Mas a parteira tem limites. E esse encontro que estamos fazendo em Brasília serve, justamente, para que o SUS, o Ministério da Saúde, os governo municipais e estaduais incluam o trabalho da parteira tradicional nas suas políticas. 


http://marcoscostaob.blogspot.com.br
Como a parteira se prepara para ajudar a mulher no momento do parto? 
Paula Viana – Há tantas formas. Há uma diversidade enorme de formações no Brasil. Assim, as mulheres se preparam no embate, no dia a dia, a partir do seu conhecimento. Estados como Amazonas, Pernambuco, Paraíba, Acre, Pará têm dado material para as parteiras. Assim, elas têm bolsa para carregar seus materiais, recebem instruções para esterilização do material e acomodação de equipamento. Elas se preparam na vida e aproveitando esses cursos e encontros que estão sendo realizados. 

Como foi o processo para tornar responsabilidade do SUS o nascimento domiciliar assistido por parteira? 
Paula Viana – Desde 1940 existem políticas que visam tornar a parteira parte do sistema. Em 1991, foi escrito um Programa Nacional de Parteiras Tradicionais e iniciou-se nos estados uma série de ações, capacitações, cursos. Já a partir de 2000, que é o processo que estamos finalizando agora, esse trabalho se voltou muito aos municípios, colocando para eles suas responsabilidades. É preciso saber quem, lá na comunidade, gerencia a saúde da população e o responsável é o município. Está presente aqui no encontro uma representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais.

Esse processo é lento. As parteiras reivindicam uma remuneração pelo trabalho e até hoje pouquíssimos municípios tornaram isso realidade. Poucos também forneceram material e as vincularam ao sistema de saúde. Isso tudo faz parte da nossa luta. Nós sabemos que aos poucos vamos superando as barreiras, um dos maiores é o corporativismo médico. As parteiras não querem substituir ninguém, mas elas existem e precisam do apoio do SUS que tem que dar conta tanto de UTIs neonatal de alta tecnologia quanto àquele parto feito na beira do rio feito com luz de candeeiro. Esse é um direito básico nosso como cidadãs brasileiras.

Por que está ficando mais forte hoje o retorno às parteiras? 
Paula Viana – Esse movimento também se deve às parteiras. Elas sempre existiram. Porém, estão ganhando mais repercussão porque algumas organizações do movimento feminista têm dado mais atenção à questão atualmente uma vez que as parteiras representam um retorno ao parto normal e a valorização do parto natural. 

Fonte: amaivos.uol.com.br

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Campanha de Valorização do Ofício de Parteira Tradicional



Conheça abaixo as peças de comunicação da campanha de valorização das parteiras tradicionais. A iniciativa é do Grupo Curumim com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos e parceria com o Instituto Nômades.






Valorização das parteiras tradicionais é mote de campanha

A partir desta quarta-feira (03), o Grupo Curumim lança campanha para promover a valorização do ofício e dos saberes das parteiras tradicionais, entre essas quilombolas e indígenas, ressaltando sua contribuição na promoção da saúde das mulheres e das crianças, bem como o reconhecimento do parto domiciliar assistido por parteiras tradicionais no Sistema Único de Saúde. A iniciativa conta com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos e parceria com o Instituto Nômades.

A campanha é composta por três VTs e spots nos quais diferentes gerações de parteiras de Pernambuco e Paraíba falam sobre o ofício. A campanha também solicita o reconhecimento dos saberes e práticas das parteiras como patrimônio imaterial brasileiro. No dia 05 de dezembro de 2011, o Instituto Nômades encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) um inventário e uma solicitação do registro do Ofício da Parteira Tradicional como bem cultural de natureza imaterial que compõe o patrimônio cultural brasileiro, conforme instituído pelo Decreto Nº 3551/2000.

Além de buscar reconhecer os saberes acumulados por essas mulheres e valorizar o ofício, o requerimento do registro é uma demanda da sociedade civil pelo emprego do instrumento legal de salvaguarda do Governo Federal, cujo objetivo principal é propiciar condições para a continuidade da transmissão desses conhecimentos e saberes de importância para a identidade nacional. A solicitação pretende contribuir para reverter a situação de fragilidade do ofício de partejar, superando dificuldades de transmissão e desvalorização diante da tecnologia e conhecimento biomédico.

Dados locais – Em Pernambuco, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, existem 871 parteiras atuando nas 11 áreas territoriais cobertas pelas suas gerências: 776 atuam na área rural, 56 na área urbana e 39 nas áreas rural e urbana. No Brasil, as milhares de parteiras cumprem um importante papel na promoção da saúde das mulheres e das crianças, principalmente nas comunidades rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Inclusive porque, em geral, elas atuam em comunidades isoladas, onde os serviços públicos básicos (hospitais, delegacias, etc) são escassos.

Trabalho no Brasil – “No Brasil, anualmente, em média são realizados 41 mil partos domiciliares, desses a maioria é assistido por parteiras tradicionais. Mesmo sendo dados subnotificados ao Sistema de Informação à Saúde do Ministério da Saúde (DATASUS), os números nos dão a visão de que as parteiras tradicionais existem e que seus trabalhos deveriam estar dentre as preocupações de gestores e profissionais de saúde de todas as regiões, principalmente a região Norte, Centro Oeste e Nordeste. Além disso, o parto domiciliar assistido por parteira tradicional é um direito reprodutivo reconhecido por autoridades nacionais e internacionais de saúde, porém a existência no Estado Brasileiro de Marcos Legais e Políticos que respaldam e garantem a implantação de políticas públicas de inclusão do trabalho desenvolvido por parteiras tradicionais, não tem, no entanto, se revertido em mudanças significativas no trabalho e na qualidade de vida dessas mulheres guerreiras”, afirma Paula Viana, coordenadora do Programa Parteiras, do Grupo Curumim.

Trabalhando nos centros urbanos e no interior, estas mulheres são responsáveis pelo cuidado de centenas de gestantes, além de serem verdadeiras guardiãs de formas culturais tradicionais de conceber e de serem agentes para redução das mortes maternas. O desafio, no entanto, é garantir, minimamente, o reconhecimento da atividade e o direito a aposentadoria destas trabalhadoras. Atualmente, apesar de dedicarem toda uma vida ao partejar, não tem direitos trabalhistas nem sociais garantidos, mais um reflexo da desigualdade de gênero que atinge de forma mais intensa as mulheres pobres, indígenas e negras.

“As parteiras tradicionais são o elo entre a comunidade e os serviços de saúde. Em muitas localidades, onde não há médicos, são elas que tomam conta da saúde da população e, muitas vezes, fazem a articulação para levar as pessoas para os postos de saúde ou hospitais das cidades vizinhas”, destaca Paula Viana, enfermeira obstetra e coordenadora do Grupo Curumim.

DADOS – 1 em cada 4 mulheres relata maus tratos durante o parto na rede pública e privada(Perseu Abramo). – Segundo DataSUS, quase metade dos partos realizados no Brasil em 2008 foram cesáreos(1.419.745). 2 – Em Pernambuco, a realidade não difere do panorama nacional: quase metade dos partos foram cesáreas também (65.285). 3 – Em 2008, o DataSUS registrou 832 partos domiciliares em Pernambuco. No Brasil, foram 32.744 partos em casa. 4 – Entre 2000 e 2007 aumentaram os casos de nascidos via parto cesárea com baixo peso (menos de 2,5 kg). – Segundo dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco, pelo menos 871 mulheres atuam como parteiras tradicionais. – Dos 185 municípios de Pernambuco, 71% (131) declararam ter parteiras em seu território.

Fonte: http://parteirastradicionais.wordpress.com/2012/05/03/valorizacao-das-parteiras-tradicionais-e-mote-de-campanha/

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Organizações civis solicitam reconhecimento do Ofício das Parteiras Tradicionais como Patrimônio Cultural do Brasil

O pedido foi entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para inclusão no Livro de Registro dos Saberes

Foto: Eduardo Queiroga

No último dia 05 de setembro, o Instituto Nômades, o
Grupo Curumim – Gestação e Parto, a Associação das Parteiras Tradicionais de Caruaru e a Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes protocolaram na Superintendência do Iphan em Pernambuco a solicitação do registro do Ofício da Parteira Tradicional como bem cultural de natureza imaterial que compõe o patrimônio cultural brasileiro, conforme instituído pelo Decreto Nº 3551/2000. Além de buscar reconhecer os saberes acumulados por essas mulheres e valorizar o ofício, o requerimento do registro é uma demanda da sociedade civil pelo emprego do instrumento legal de salvaguarda do Governo Federal, cujo objetivo principal é propiciar condições para a continuidade da transmissão desses conhecimentos e saberes de importância para a identidade nacional. A solicitação pretende contribuir para reverter a situação de fragilidade do ofício de partejar, superando dificuldades de transmissão e desvalorização diante da tecnologia e conhecimento biomédico.

Os argumentos para inclusão das Práticas e dos Saberes das Parteiras como Patrimônio Cultural do Brasil estão baseados nos resultados dos projetos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco, patrocinado da Petrobras, e Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, incentivado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (FUNCULTURA), ambos realizados pelo Instituto Nômades, entre 2008 e 2011. Os inventários identificaram que a maioria das parteiras entrevistadas têm idade avançada e encontra dificuldades de repassar os conhecimentos do ofício. O Instituto Nômades utilizou a metodologia do Inventário de Nacional Referências Culturais (INRC) do Iphan para entrevistar 220 parteiras em 6 municípios e 3 etnias indígenas no estado de Pernambuco, além da descrição etnográfica. Por meio dos relatos das entrevistadas, foram registrados, por exemplo, as principais formas de aprendizado do ofício, técnicas de avaliação da parturiente, além de banhos, chás e massagens para “esquentar as dores”, e rezas ou orações utilizadas durante o trabalho de parto, assim como o significado do ofício para as praticantes e o público assistido.

Para a realização dos inventários, o Instituto Nômades contou com a parceria do Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros (Naseb/UFPE) e com os apoios do Grupo Curumim, do Iphan, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da ONG Saúde Sem Limites. Durante a pesquisa, também foi realizado investimento na captação de imagens das parteiras entrevistadas para ilustrar o universo inventariado, resultando em um rico banco de imagens. Deste material, foram selecionadas 241 fotografias que compõem o inventário das parteiras tradicionais e outras 130 que retratam o ambiente das parteiras indígenas.

A solicitação do registro do Ofício das Parteiras Tradicionais como Patrimônio Imaterial está sendo analisada por técnicos do Iphan e será encaminhada para a Câmara do Patrimônio Imaterial para avaliação da pertinência do pedido.

Mais informações: nomades@institutonomades.org.br

sábado, 7 de maio de 2011

Parteiras reinvidicam maior reconhecimento na profissão

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/05/06/interna_cidadesdf,251020/parteiras-reinvidicam-maior-reconhecimento-na-profissao.shtml

Em passeata pela Esplanada dos Ministérios, parteiras práticas e graduadas se reuniram, no dia mundial de sua categoria, a fim de reivindicar maior reconhecimento para a profissão no Brasil.

Luiz Calcagno

Publicação: 06/05/2011 08:00






Flávia Ilíada Oliveira e a filha, Janaína: "Quando damos à luz em casa, com uma parteira, há um respeito ao tempo da mãe e da criança"

Janaína Moreno de Carvalho nasceu em casa. A mãe, Flávia Ilíada Oliveira, 30 anos, teve ajuda de uma parteira e de uma doula para dar à luz a filha. Tudo correu tranquilo, sem sustos no meio do caminho. A menina chegou saudável ao mundo e o pai foi o primeiro a pegá-la no colo. A história da mãe e da criança, no entanto, não é antiga, como se pode imaginar em uma época em que grande parte dos bebês nasce em quartos de hospitais. Ocorreu há apenas oito meses. Janaína também não nasceu em um lugar sem acesso a unidades e centros de saúde. Foi concebida na capital federal. Flávia é publicitária e faz parte de um grupo de mães que escolheram ter um parto normal, humanizado.

“Foi uma experiência transformadora e de respeito à mulher”, relatou. “Quando damos à luz em casa, com uma parteira, há um respeito ao tempo da mãe e da criança. Meu marido participou diretamente, então, os laços familiares ficaram fortalecidos. Ele pegou minha filha no colo quando ela nasceu. Antigamente, era assim que funcionava. A mulher se recolhia. Agora, são muitos médicos, muita luz. Em um hospital universitário, às vezes, vários estudantes de medicina assistem ao parto, quando ele deveria ser mais íntimo. Também é uma forma de resgatar uma tradição.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos realizados sejam cesarianas. Embora o número de procedimentos humanizados feitos no Distrito Federal e no Brasil supere o das cirurgias, o país ainda está longe de alcançar a marca. Brasília, por exemplo, registrou, em 2010, um total de 40.543 partos em hospitais públicos. Desses, 25.238, pouco mais de 62%, ocorreram sem uso do bisturi. Nacionalmente, dos 1,96 milhão de partos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 1,24 milhão foram humanizados — aproximadamente 63% do total. Os números são da Secretaria de Saúde e do Ministério da Saúde, respectivamente.

Ontem, no Dia Mundial da Parteira, profissionais práticas (tradicionais) e graduadas fizeram uma passeata que seguiu do Ministério da Saúde para o Palácio do Planalto. A Marcha Regional das Parteiras, que reuniu profissionais do DF e do Entorno, durou cerca de duas horas e contou com representantes de São Paulo, do Amapá e de Tocantins. A categoria reivindicou maior reconhecimento do governo para os dois ramos da profissão. As graduadas pedem mais apoio governamental e as tradicionais querem ser reconhecidas como agentes de saúde. Na próxima semana, elas vão entregar uma carta com as reivindicações nos gabinetes dos deputados federais.

Para Paloma Terra, parteira graduada e organizadora da Marcha Regional das Parteiras, esses números estão abaixo das expectativas, principalmente pela “falta de atenção do governo com a categoria”. Ela alega que os quase 40% de cesarianas que ocorrem no DF e no Brasil ainda representam um número muito alto. “Na rede particular, a quantidade de procedimentos cirúrgicos de parto sobe para 80%. O Hospital Brasília, o melhor do DF, tem 90%. É urgente a integração das parteiras na atenção à saúde maternoinfantil no Brasil. Somos campeões mundiais de cesarianas. A cirurgia acarreta cinco vezes mais riscos para a mãe e para a criança”, alertou.

Humanização
Na visão de Paloma, o sistema está desumanizado. Ela alega que cerca de 17% das mulheres que dão à luz no setor privado e pelo menos 27% das que entram em trabalho de parto no setor público sofrem algum tipo de maus-tratos. “As mulheres saem do parto traumatizadas. Países como a Holanda e Escandinávia, com maior índice de saúde maternoinfantil do mundo, reconhecem essas profissionais. A parteira atende em caso de baixo risco”, exemplificou. Para a professora da Universidade de Brasília e parteira Silvéria Santos, a manifestação serve para dar visibilidade à categoria. “O sistema de saúde brasileiro omite a parteira tradicional. Não registram esses partos. Ela é uma mulher que atende a mãe e respeita a cultura, os valores eos hábitos da mulher”, afirmou.

Moradora de Santo Antônio do Descoberto (GO), Sebastiana Mendes, 84 anos, realiza partos desde 1960. Ela conta que nunca perdeu uma mãe ou filho durante um parto humanizado. “Me considero importante. Nos valorizar é o caminho certo. É uma profissão muito séria e o governo deveria nos respeitar e agir”, opinou. Embora não tenha filhos, a estudante Alaya Dullius, 26, identificou-se com a causa. “Acho que temos que melhorar o atendimento obstétrico no Brasil. Ele é violento e desrespeita as recomendações da OMS fazendo cesarianas desnecessárias. Se a gente melhora a forma de nascer, cria um mundo mais humano.”

Apoio psicológico
No parto normal ou humanizado, a doula é uma mulher que geralmente acompanha a parteira.

Ela ajuda em todos os procedimentos, mas tem o papel fundamental de prestar apoio físico e emocional à mãe, além de prestar informações sobre a gravidez.

A presença da doula possibilita um parto mais seguro, mais rápido e menos doloroso.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Parteiras de Pernambuco realizam marcha em Caruaru

'Pela humanização do parto' é o tema da ação
3/5/2011

Na próxima quinta-feira, 5, parteiras de Pernambuco realizam uma marcha em Caruaru, agreste do estado, para marcar o Dia Internacional da Parteira. Com o lema 'Pela humanização do parto', elas reivindicam melhor atendimento para mulheres e crianças, além do reconhecimento e valorização da atividade de parteira. O ato acontecerá o Marco Zero da cidade, a partir das 8h30.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, existem 1026 parteiras tradicionais em Pernambuco, das quais 887 atuam na área rural, 93 na área urbana e 46 nas áreas rural e urbana. Também haverá atos públicos relativos a data em Brasília. A marcha de Caruaru é promovida pela Associação de Parteiras Tradicionais de Caruaru, em parceria com o Grupo Curumim e secretarias Municipal e Estadual de Saúde, e terá a presença de parteiras dos municípios de Jataúba, Brejo da Madre de Deus, Bonito, Belo Jardim, São Caetano, Cupira, Altinho, Jurema, Caruaru e Taquaritinga do Norte, entre outros.

Na ocasião, haverá distribuição de material informativo sobre o ofício de partejar. Para a presidente da Associação de Parteiras Tradicionais de Caruaru, Maria Fernanda da Silva, é importante que haja o reconhecimento da parteira como uma profissional. “Nós trabalhamos sem nenhuma remuneração financeira e isso dificulta muito a atividade. Além disso, faltam materiais para realizarmos os partos. Nós também queremos um melhor acesso da parteira ao hospital não só no momento do parto, mas também quando a mulher vai realizar o pré-natal”, ressalta. Outra reivindicação das parteiras é o reconhecimento da atividade, com melhores condições de trabalho e a integração dessas profissionais ao Sistema Único de Saúde.

O trabalho que desenvolvem se apresenta como essencial para a saúde de mulheres e crianças, principalmente nas áreas mais pobres, ademais, colaboram com o Estado e o município na redução da mortalidade materna e neonatal. “Essas mulheres são responsáveis pelo cuidado de várias gestantes e crianças, principalmente nas localidades onde não tem médico. Além disso, levam segurança e conforto para as grávidas. Por isso esse vínculo da parteira com a área de atenção básica a saúde é importante como estratégia de promoção da saúde e de redução da mortalidade materna e neonatal”, afirma Paula Viana, coordenadora do Grupo Curumim.

CONTATO

Nome: Nataly Queiroz
Fone: 81 94088095
Empresa: Grupo Curumim

Fonte: http://pautasocial.com.br/pauta.asp?idPauta=35928

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco

Resumo apresentado pelo Instituto Nômades na III Conferência Internacional pela Humanização do Parto e Nascimento, relizada pela ReHuNa em Brasília de 26 a 30.11.2010: Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Encontro Nacional de Parteiras Tradicionais discute inclusão do parto domiciliar no SUS

Edite Maria da Silva, da Paraíba, fala no Encontro Nacional de Parteiras Tradicionais

O objetivo é que, com o reconhecimento do Sistema Único de Saúde, as parteiras sejam cadastradas para receber qualificação. Elas aprenderiam como orientar as mães e receberiam material para realizar o parto. Uma reivindicação é o direito à remuneração e aposentadoria

Parteiras buscam parceria com profissionais de saúde e apoio do SUS – A inclusão do parto domiciliar assistido por parteiras no Sistema Único de Saúde (SUS) será discutida até sexta-feira (13), em Brasília, por profissionais de saúde, parteiras, gestores, representantes de organizações não governamentais e pesquisadores de 15 estados brasileiros. Eles participam do Encontro Nacional de Parteiras Tradicionais: Inclusão e Melhoria da Qualidade da Assistência ao Parto Domiciliar no Sistema Único de Saúde.

De acordo com a subsecretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Lena Peres, a partir do reconhecimento do SUS, as parteiras poderão ser cadastradas, receber qualificação para orientar as mães sobre os cuidados com os bebê e ter acesso a materiais como luvas e álcool e transporte no caso de complicações no parto, além de ter fichas de identificação para facilitar o registro civil. Elas também buscam o direito à remuneração e aposentadoria.

É comum encontrar parteiras no interior dos estados do Norte e Nordeste do país, em geral, em regiões pouco urbanizadas. Elas costumam passar vários dias na casa da parturiente até que a mulher se recupere depois do nascimento do filho. É a parteira que cuida da mãe, do bebê e dos afazeres domésticos. A maioria não cobra pelo serviço, mas a família dá uma contribuição, que costuma ser pequena por se tratar de regiões pobres.

Segundo a consultora de temas ligados à saúde da mulher, Nubia Melo, o nascimento domiciliar assistido por parteira já é responsabilidade do SUS, mas os acordos assinados neste sentido têm pouco efeito prático. “Nos locais onde elas atuam a realidade é de abandono, exclusão e atuação isolada. Obviamente esse isolamento aumenta o risco pois a mulher que ela assiste é a que tem menos acesso ao pré-natal”, disse.

Além do isolamento, muitas sofrem com o preconceito de profissionais de saúde, como relata Edite Maria da Silva, moradora de Palmares (Pernambuco) e parteira há 44 anos. “Cada vez somos mais desprezadas por médicos e chefes de saúde que dizem para a mulher não fazer parto tradicional porque a criança pode estar numa posição errada para nascer. Mas, em quatro décadas, já peguei menino até pelo bumbum e ele e a mãe passaram bem. O médico também não pode subir o morro, acompanhar a mulher e acudi-la de madrugada enquanto nós fazemos o que precisar colocando amor e conhecimento nas mãos para pegar a criança.”

A dificuldade de integração entre o trabalho feito pelas parteiras e a estrutura de saúde pública também foi citada como um dos motivos para a necessidade de que a profissão seja reconhecida pelo SUS. “Parteiras são barradas em maternidades quando querem acompanhar a mulher ou pedir materiais, mas elas são as verdadeiras profissionais de saúde da floresta porque são formadas lá e têm mas experiência do que quem possui a teoria”, afirmou Edna Brandão, da tribo Shanenawa (Acre), coordenadora de uma organização de mulheres indígenas.

Apesar de depender de um conhecimento tradicional, normalmente repassado de mãe parteira para as filhas, o trabalho destas mulheres é, às vezes, a única alternativa de apoio às gestantes. Ainda hoje, cerca de 30% dos partos feitos no país são domiciliares, informa a subsecretária de direitos humanos. Segundo ela, a alta porcentagem se deve ao fato de que as parteiras vêm se modernizando, com o incentivo aos exames pré-natal que garantem um parto mais seguro e atuando também nas casas de parto de centros urbanos.

Reportagem da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/08/2010 - http://www.ecodebate.com.br/2010/08/11/encontro-nacional-de-parteiras-tradicionais-discute-inclusao-do-parto-domiciliar-no-sus/

quarta-feira, 5 de maio de 2010

05 de maio - Dia da Parteira

PARTEIRAS TRADICIONAIS: SAGA DA SOBREVIVÊNCIA


Paula Viana*

A parteira tradicional pode ser considerada uma das profissionais mais antigas que existe, e mesmo com tantos avanços tecnológicos na assistência à saúde, continua desempenhando papel fundamental para a garantia de uma vida mais saudável para muitas mulheres e crianças do Brasil. Elas são muito requisitadas, pois tanto em lugares onde há e não há acesso aos serviços de saúde, elas atuam e são as primeiras a atenderem às mulheres.

No Brasil, anualmente, em média são realizados 41 mil partos domiciliares, desses a maioria é assistido por parteiras tradicionais. Mesmo sendo dados subnotificados ao Sistema de Informação à Saúde do Ministério da Saúde (DATASUS), os números nos dão a visão de que as parteiras tradicionais existem e que seus trabalhos deveriam estar dentre as preocupações de gestores e profissionais de saúde de todas as regiões, principalmente a região Norte, Centro Oeste e Nordeste. Além disso, o parto domiciliar assistido por parteira tradicional é um direito reprodutivo reconhecido por autoridades nacionais e internacionais de saúde, porém a existência no Estado Brasileiro de Marcos Legais e Políticos que respaldam e garantem a implantação de políticas públicas de inclusão do trabalho desenvolvido por parteiras tradicionais, não tem, no entanto, se revertido em mudanças significativas no trabalho e na qualidade de vida dessas mulheres guerreiras.

Para se fazer justiça, é necessário a responsável e imediata ação de legisladores, profissionais e gestores que viabilizem a efetivação dos direitos à remuneração pelo trabalho desenvolvido e à aposentadoria dessas mulheres que vem envelhecendo e morrendo sem apoio, isoladas, doentes e sem o devido reconhecimento do benefício de suas ações durante toda a vida.



*Enfermeira e coordenadora do Programa Parteira do Grupo Curumim

http://www.grupocurumim.org.br/site/noticia_completa.php?id=154

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Regulamentação da atividade de parteiras é tema de audiência

A semana - 26/08/2009 13h48

As comissões de Legislação Participativa; e de Seguridade Social e Família realizam nesta quinta-feira (27) uma audiência pública para debater a regulamentação da atividade de parteira tradicional, prevista no Projeto de Lei 7531/06. "As parteiras desempenham uma importante função no atendimento às parturientes que não têm acesso aos serviços de saúde em nosso País", reconhece o deputado Roberto Britto (PP-BA), que propôs o debate. "No entanto, essa é uma atividade com tendência de queda à proporção que os serviços do Sistema Único de Saúde chegam à parcela da população que necessitava das parteiras."

O PL 7531/06, de autoria do deputado Henrique Afonso (PT-AC), tramita apensado ao 2145/07, da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que trata do mesmo assunto.

Debatedores foram convidados para discutir a proposta:

- a coordenadora da Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde, do Ministério da Saúde, Maria Helena Machado;
- o diretor do Hospital de Maués (AM), Silvio Alves da Silva;
- a representante do Grupo Curumim de Recife, Ana Paula de Andrade Lima Viana;
- a parteira Lucia Carvalho; e
- representantes do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira (AMB).

A audiência pública será realizada às 9 horas no plenário 3.

Íntegra da proposta:- PL-2145/2007- PL-7531/2006

Notícias relacionadas:
Audiência aponta necessidade de incluir parteiras no SUS
Salário mínimo para parteiras é defendido em audiência

Da Redação/ND
(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')

Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br

Fonte: http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=139059

domingo, 16 de agosto de 2009

Instituto Nômades participa do Seminário "Debatendo o Patrimônio Cultural de Pernambuco"

O Instituto Nômades participará, na próxima quinta-feira, dia 20.08.09, do Seminário Debatendo o Patrimônio Cultural de Pernambuco, promovido pela Fundarpe como parte das comemorações pelo Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado hoje. O seminário acontecerá no Museu do Estado, na Avenida Rui Barbosa, de 18 a 21.08.09. Na ocasião, o Instituto Nômades apresentará os resultados parciais do Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, pesquisa que vem desenvolvendo com o incentivo do FUNCULTURA (mais detalhes sobre a pesquisa: http://institutonomades.blogspot.com/2009/04/inventario-dos-saberes-e-praticas-das.html).

Mais informações sobre o seminário, incluindo a programação: http://www.nacaocultural.pe.gov.br/seminario-debatendo-o-patrimonio-de-pernambuco-programacao

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco

Este projeto, incentivado pelo Fundo de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco (FUNCULTURA), realizado pelo Instituto Nômades, em parceria com o Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros/UFPE, e apoiado pelo Grupo Curumim e pela Associação Saúde Sem Limites, desde março de 2009, visa inventariar os saberes e práticas de parteiras indígenas de três etnias do estado de Pernambuco - Xucuru (Agreste Central), Pankararu (Sertão de Itaparica), Kapinawá (Agreste Meridional) - utilizando a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), desenvolvida pelo Iphan.


O projeto foi concebido como uma continuidade do Projeto Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco que vem sendo realizado pelo Instituto Nômades, com o patrocínio da Petrobras, desde abril de 2008. Ambos os projetos foram idealizados diante da necessidade de reconhecer e salvaguardar o conhecimento das parteiras tradicionais, parte integrante do nosso patrimônio cultural imaterial, devido à fragilidade do modo de transmissão desse conhecimento (oralidade); à avançada idade da maioria das parteiras ativas, e à escassez de registros escritos sobre esse saber. Verificou-se a necessidade de estender a pesquisa às parteiras indígenas, dada a especificidade de sua cultura, a fim de aumentar a representatividade da pesquisa e viabilizar a solicitação de registro desse saber ao IPHAN.


Este é um projeto inédito e pioneiro que visa inventariar, registrar e divulgar as os saberes e práticas de parteiras indígenas no estado de Pernambuco. Utilizando a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), do IPHAN, o inventário será realizado em três das etnias indígenas mais populosas do estado (Kapinawá, Pankararu, e Xucuru), selecionadas a partir de dados oficiais disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde, de modo a abranger as etnias que exibem um maior quantitativo de parteiras.


Este projeto poderá fornecer subsídios para elaboração de políticas públicas nas áreas da cultura e da saúde, além de poder contribuir para a valorização de práticas culturais tradicionais indígenas.


Serão produzidos folders com uma síntese do resultado do inventário que serão distribuídos gratuitamente, especialmente entre etnias e instituições envolvidas e relacionadas. Pretende-se, também, disponibilizar gratuitamente ao público em geral os resultados do inventário, através dos sites de instituições e de redes interessadas, especialmente aquelas que trabalham nos campos da cultura tradicional, do gênero e da promoção da saúde indígena.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Começa treinamento de pesquisadores para inventário

Desde segunda-feira (12), técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional estão treinando 16 pessoas de diferentes áreas para realizar o 3º inventário de patrimônio imaterial do Estado. Assim como foram inventariadas a Feira de Caruaru e o Frevo, agora as práticas e saberes das Parteiras Tradicionais serão pesquisados durante um ano, com uma equipe multidisplinar que inclui antropólogos, sociólogas, fotógrafos e até familiares de parteiras. O projeto é pioneiro no Brasil e é coordenado pela organização não-governamental Instituto Nômades, com o patrocínio da Petrobrás. A capacitação acontece na Fundação Joaquim Nabuco, no Derby, e se estenderá até a próxima sexta-feira (16).

O inventário será realizado com aproximadamente 250 parteiras tradicionais, ligadas às quatro associações e nos dois núcleos de parteiras existentes no Estado de Pernambuco: Associação das Parteiras Tradicionais do Município de Trindade (Sertão do Araripe), Associação das Parteiras de Caruaru Agreste (Agreste), Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes e Associação de Parteiras de Ipojuca (Região Metropolitana de Recife), Núcleo de Parteiras de Palmares (Zona da Mata) e Núcleo de Parteiras de Igarassu (Região Metropolitana de Recife). A estimativa é de que cerca de duzentos e cinqüenta parteiras sejam inventariadas.

Ao final do inventário, será elaborada uma coletânea abordando o universo das parteiras, suas práticas e saberes.

Caruaru integrará 3º inventário imaterial de Pernambuco

14/05/2008 / Quarta 11h29
http://www.caruaru360graus.com.br/v5/noticias/722/caruaru+integrara+3+inventario+imaterial+de+pernambuco.html

A Associação das Parteiras de Caruaru será uma das instituições pesquisadas na realização do terceiro inventário de bens imateriais de Pernambuco. Entre os dias 12 e 16, técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional estarão treinando 16 pessoas de diferentes áreas para realizar o 3º inventário de patrimônio imaterial do Estado. Assim como foram inventariadas a Feira de Caruaru e o Frevo, agora as práticas e saberes das Parteiras Tradicionais serão pesquisados durante um ano, com uma equipe multidisplinar que inclui antropólogos, sociólogas, fotógrafos e até familiares de parteiras. O projeto é pioneiro no Brasil e, localmente, é coordenado pela organização não-governamental Instituto Nômades, com o patrocínio da Petrobrás.

O inventário será realizado com aproximadamente 250 parteiras tradicionais, ligadas às quatro associações e nos dois núcleos de parteiras existentes no Estado de Pernambuco: Associação das Parteiras Tradicionais do Município de Trindade (Sertão do Araripe), Associação das Parteiras de Caruaru Agreste (Agreste), Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes e Associação de Parteiras de Ipojuca (Região Metropolitana de Recife), Núcleo de Parteiras de Palmares (Zona da Mata) e Núcleo de Parteiras de Igarassu (Região Metropolitana de Recife). A estimativa é de que cerca de duzentos e cinqüenta parteiras sejam inventariadas.

Ao final do inventário, será elaborada uma coletânea abordando o universo das parteiras, suas práticas e saberes.