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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Exercitar-se na hora do parto reduz chance de cesárea e dor

Praticar exercícios fisioterápicos durante o parto aumenta a tolerância à dor, reduz o uso de fármacos e diminui o tempo até o nascimento do bebê, conclui um estudo feito no Hospital Universitário da USP. Entre as grávidas que fizeram as atividades, o índice de cesarianas ficou em 11%. A média, na instituição, é de 20%. No SUS, a taxa de cesáreas é de 28% e na rede privada e suplementar chega a 90%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o índice seja de, no máximo, 15%.

Na pesquisa, foram avaliadas 132 gestantes do primeiro filho, com gravidez a termo: 70 foram acompanhadas por fisioterapeuta e fizeram os exercícios preconizados no trabalho de parto e outras 62 tiveram acompanhamento obstétrico normal, sem os exercícios. As gestantes do estudo foram orientadas a ficar em várias posições, fazer movimentos articulares e pélvicos, relaxamento do períneo e coordenação do diafragma. A fisioterapeuta Eliane Bio, autora do estudo, diz que, além da redução do número de cesáreas, os exercícios diminuíram a dor e a duração do trabalho de parto -de 11 para 5 horas. "Nenhuma parturiente do nosso grupo precisou de analgésico." No grupo controle, 62% usaram drogas de analgesia.

No Brasil, exercícios no trabalho de parto estão restritos aos poucos centros médicos que incentivam o parto normal, mas, em países como a Inglaterra e a Alemanha, vigoram há mais de 40 anos. Na França, toda grávida é orientada a fazer ao menos 12 consultas com o fisioterapeuta no pré-natal. Segundo Bio, os exercícios remetem à livre movimentação que, no passado, a mulher tinha em casa durante o parto. "Temos que estimular as habilidades do corpo da mulher para o parto, prevenindo traumas no períneo, levando a uma vivência menos dolorosa, resgatando a poesia do nascimento." Segundo ela, os procedimentos fisioterápicos preconizam a participação da mulher em todo o processo de parto, com a livre escolha de posições durante as contrações.

O obstetra Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, diz que o estudo é benfeito (prospectivo, randomizado e com um número significativo de voluntárias). "Tudo o que estimula responsavelmente o parto normal é bem-vindo num país com altíssima incidência de cesárea." Para ele, o ponto principal do trabalho foi ter mostrado que o acompanhamento fisioterápico retarda a necessidade de analgesia, diminuindo o tempo do trabalho de parto. Na opinião de Renato Kalil, ginecologista e obstetra da Maternidade São Luiz, o mérito do trabalho de Bio é ter "colocado no papel" a eficácia dos exercícios. "Minhas pacientes fazem isso há 22 anos, mas ainda são exceções. Na maioria dos hospitais, a grávida fica deitada esperando a hora da cesárea." Ele pondera que o trabalho não consegue demonstrar de que forma ocorre o relaxamento provocado pelos exercícios. "Um médico adepto da cesárea diria que seria preciso medir os impulsos elétricos do músculo para comprovar o relaxamento. Mas, na prática, sabemos que a movimentação funciona."





Fonte: Folha de S. Paulo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Grupo Boa Hora realiza encontro no sábado, 21 de julho, no Luminaris

No próximo sábado, dia 21 de julho, das 10:00 às 12:30, o Grupo Boa Hora realizará  encontro no Espaço Luminaris, com o tema A Fisiologia do Parto.

O encontro iniciará com uma vivência facilitada por Carina Albuquerque, psicóloga, aromaterapeuta e doula aprendiz. Em seguida,haverá  a exibição do documentário austríaco "Parir e Nascer", que aborda o processo fisiológico do nascimento a partir de cenas de partos naturais e de animações 3D. O encontro será finalizado com uma roda de conversas sobre o filme.


O Espaço Luminaris fica no Poço da Panela, no seguinte endereço:

Rua Silveira Lobo nº 107, Poço, Recife (indo pela Avenida 17 de Agosto, no sentido cidade-subúrbio, entra na segunda rua à direita após a Escola Mater Christi, na esquina da Fisioclínica).
https://maps.google.com.br/maps?q=Rua+Silveira+Lobo+n%C2%BA+107,+Po%C3%A7o,+Recife&hl=pt-BR&ie=UTF8&sll=-14.239424,-53.186502&sspn=62.744865,113.291016&hnear=R.+Silveira+Lobo,+107+-+Po%C3%A7o,+Recife+-+Pernambuco,+52061-030&t=m&z=17

Mais informações:
(81) 9973.8035 (tim) / 9258.8598 (vivo)
boahora@institutonomades.org.br

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Grupo Boa Hora realiza encontro neste sábado, 16 de junho, no Luminaris

O Luminaris sedia neste sábado, dia 16 de junho, das 10h às 12h30, o encontro do Grupo Boa Hora, com três convidadas que trarão informações valiosas sobre quatro práticas/terapias integrativas que podem trazer muitos benefícios na gestação, no parto e no pós-parto: reflexologia, reiki, acupuntura e yoga. Esse encontro marcará o início da parceria do Instituto Nômades com o Espaço Luminaris, que passa agora a sediar os encontros do Grupo Boa Hora do terceiro sábado de cada mês.

O encontro se inicia com uma oficina de reflexologia podal com Maiana Gomes, terapeuta corporal com foco em reflexologia podal e shiatsu, mestra em reiki e doula. A oficina acontecerá das 10h às 10h30 - quem tiver interesse em participar deverá chegar antes das 10h.

A partir das 10:30, cada convidada fará uma breve exposição sobre os usos e benefícios de cada prática/terapia na gestação, no parto e no pós-parto, na seguinte sequência:

1. Reflexologia podal e reiki: Maiana Gomes

2. Acupuntura: Alice Rubini, auricoloterapeuta, pós-graduanda em acupuntura e medicina tradicional chinesa, com foco em saúde reprodutiva e saúde da mulher, e doula.

3. Yoga: Heliane Garcia, instrutora de yoga com foco em yoga para gestantes e baby yoga, educadora perinatal e doula em formação.

Ao final das exposições, haverá uma roda de conversas sobre as temáticas abordadas.

O Espaço Luminaris fica na rua Silveira Lobo nº 107, Casa Forte, Recife 
(indo pela Avenida 17 de Agosto, no sentido cidade-subúrbio, entra na segunda rua à direita após a Escola Mater Christi, na esquina da Fisioclínica)

Qualquer dúvida, por favor, entrem em contato pelos telefones (81) 9973.8035 ou 9258.8598, ou pelo email boahora@institutonomades.org.br.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ações pelo Fim da Violência Obstétrica no Recife

Marcando o Dia Mundial de Ação pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Combate à Mortalidade Materna, 28 de maio, o Grupo Curumim, o Instituto Nômades, o Ishtar - Espaço para Gestantes, a Maternar e o Grupo Narrativas do Nascer/UFPE estão promovendo uma série de ações para chamar a atenção da população para as diversas situações de violência obstétrica que têm sido vivenciadas por mulheres em Pernambuco, e gostaríamos de poder contar com a participação do maior número possível de pessoas para dar força ao movimento.

Na quarta-feira, dia 23, teremos, no âmbito do 38º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia, o debate "Modelo de Atenção Obstétrica no Recife: Identificando problemas e encontrando soluções". O evento é gratuito e aberto a todos: usuárias do sistema de saúde (público e privado), profissionais, ONGs, representantes do poder público, representantes das maternidades do Grande Recife, e todas as pessoas interessadas. Durante o evento estaremos também coletando denúncias de situações de violência obstétrica vivenciadas por mulheres em seus partos.

Na
segunda-feira, dia 28, pela manhã, entregaremos ao Ministério Público Federal as denúncias de violência obstétrica coletadas. À tarde, durante o evento "Entre as Orelhas: O parto como evento integrativo", que acontecerá na UFPE, faremos o lançamento de uma campanha contra a violência obstétrica, direcionada às mulheres. 

Até sábado, dia 26
, estamos coletando denúncias de situações de violência obstétrica vividas durante o parto. Quem não conseguir levar sua denúncia ao evento da quarta-feira pode enviar por email para: boahora@institutonomades.org.br. Nas denúncias deve constar o fato ocorrido, nome da maternidade, data e hora da ocorrência. 
 
Exemplos de violência obstétrica:
- Cesáreas feitas sem justificativa médica plausível

- Intervenções (como uso de soro com ocitocina, episiotomia, empurrões na barriga, restrição de liberdade de posições e movimentos etc.) feitas durante o parto sem justificativa e/ou consentimento da mulher
- Mulheres em trabalho de parto que não conseguiram ser internadas na maternidade por necessidade de agendamento prévio
- Tratamento desrespeitoso (tais como frases humilhantes, negligência, etc.)
- Restrição da entrada de ao menos um acompanhante da escolha da mulher durante qualquer momento do trabalho de parto, parto e pós-parto no hospital

- Dentre outros.

Participem! Denunciem os abusos obstétricos! Vamos nos mobilizar para transformar a assistência ao parto no Recife!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Petição Pública por um Debate Cientificamente Fundamentado sobre o Local de Parto

Pelo direito de escolha do local de parto!

O Instituto Nômades apoia este manifesto. Assine e divulgue: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=petparto

Texto do Manifesto
Abaixo-assinado
PETIÇÃO PÚBLICA POR UM DEBATE CIENTIFICAMENTE FUNDAMENTADO SOBRE LOCAL DE PARTO

Para: Ministério da Saúde e Centro Cochrane do Brasil


"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."

As entidades e pessoas abaixo relacionadas, considerando:


• A recente morte da ativista Caroline Lovell depois de um parto domiciliar na Austrália, que despertou intensa comoção em todo o mundo, com manchetes sensacionalistas em diversos jornais alertando contra "os riscos" de um parto domiciliar;


• O posicionamento de alguns médicos e representantes de sociedades e conselhos no Brasil que, aproveitando um caso isolado, se colocam contra a atenção ao parto domiciliar;


• As tragédias silenciosas, como o elevado número de mortes maternas que ocorrem anualmente no Brasil em pleno século XXI, e que são relegadas ao esquecimento, embora proporção superior a 95% dos partos ocorra em ambiente hospitalar, ressaltando-se que está comprovado que mais de 90% dessas mortes são classificadas como evitáveis;


• O fato de que muitos desses óbitos decorrem de assistência inadequada à gestação e suas intercorrências e, principalmente, da inadequada atenção ao parto, sendo que importante proporção está associada com cesáreas eletivas;


• O fato de que todos os grandes estudos atuais apontam para segurança semelhante entre partos atendidos no domicílio ou centros de parto normal, quando comparados com os partos atendidos no hospital, desde que os primeiros sejam planejados e atendidos por profissionais habilitados; e que os partos em casa ou centro de parto normal demonstram níveis superiores de satisfação da paciente, integridade perineal, índices mais baixos de cesariana e maiores taxas de amamentação bem sucedida;


• Que a Medicina Baseada em Evidências consiste na integração harmoniosa da experiência clínica individual com as melhores evidências científicas disponíveis e com as características e expectativas dos pacientes, assim como o respeito à autonomia dos pacientes é um dos princípios básicos de Bioética;


• Que a discussão sobre o local de parto deve se pautar, essencialmente, em dois níveis: respeito às evidências científicas e respeito à autonomia e ao protagonismo feminino, uma vez que a escolha do local de parto é um direito reprodutivo básico;


• Que tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) como a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) respeitam o direito de escolha do local de parto pelas mulheres e reconhecem que, quando assistidos por profissionais habilitados, há benefícios consideráveis para as mulheres que querem e podem ter partos domiciliares ou em centros de parto normal;


• Que a OMS reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos como enfermeiras-obstetras e obstetrizes (parteiras formadas);


• Que a FIGO recomenda que "uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura";


• Que as revisões da Colaboração Cochrane sobre local de parto identificaram que em centros de parto normal, tanto intra como extra-hospitalares, ocorrem taxas mais baixas de procedimentos invasivos e restrições, taxas mais baixas de cesariana, de necessidade de analgesia para o parto, de utilização de ocitócicos para estimulação do parto, com maior mobilidade das mulheres, menores taxas de anormalidade nos batimentos cardíacos fetais e maior satisfação com a assistência;


• Que o sistema de saúde da Inglaterra, que se pauta por basear suas políticas em evidências científicas, adotou como política
pública a recomendação de que as mulheres busquem o parto domiciliar, e para elaborar essa diretriz contou com o apoio do Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG) e do Royal College of Midwives (RCM). De acordo com a diretriz do RCM e do RCOG, "não há motivos para que o parto domiciliar não seja oferecido a mulheres de baixo risco, uma vez que pode conferir consideráveis benefícios para essas gestantes e suas famílias";

• Que o American College of Nurse Midwives e a American Public Health Association apoiam o parto domiciliar e em centro de parto normal para gestações não complicadas, sendo que o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), conquanto explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais seguros, reconhece o direito das mulheres de escolher o local de parto, tendo publicado em fevereiro de 2011:


"Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais sejam os locais mais seguros para o nascimento, ele respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente informada sob o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios baseados nas recentes evidências. (...) É importante que as mulheres sejam informadas que a adequada seleção de candidatas para o parto domiciliar; a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou obstetrizes certificadas, ou médicos atuando dentro de um sistema de saúde integrado e regulado; o pronto acesso à consulta; e a garantia de transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos são críticos para reduzir as taxas de mortalidade perinatal e obter desfechos favoráveis do parto domiciliar."


• Que existe uma parcela crescente de mulheres insatisfeitas com o atual modelo de assistência obstétrica no Brasil, excessivamente tecnocrático e caracterizado, por um lado, por taxas de cesariana inaceitavelmente elevadas no setor privado (mais de 80%) e, de outro, pelos partos traumáticos e com excesso de intervenções tanto no sistema público quanto no privado;


• Que o parto domiciliar planejado não somente "continua acontecendo" no Brasil, como vem crescendo o número de mulheres que optam por essa alternativa, apesar de ainda não haver estatísticas confiáveis sobre seu número exato, uma vez que os sistemas de informação não permitem distinguir partos domiciliares planejados de não planejados e ocorridos sem assistência;


• Que as mulheres brasileiras estão buscando e pleiteando uma assistência ao parto respeitosa e digna, assim como outras possibilidades de locais para ter seus filhos, além do hospital;


• Finalmente, que o
debate em torno do parto domiciliar e em casa de partos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado e que não é aceitável que o ambiente hospitalar seja o único a ser oferecido para todas as mulheres que desejam ter seus filhos com segurança, uma vez que os estudos científicos atuais apontam para a segurança do parto domiciliar e em centros de parto normal,

Vimos propor:


Que seja aberto um
debate cientificamente fundamentado sobre local de parto, com a participação de governo, organismos internacionais e sociedade civil – movimentos de mulheres, conselhos profissionais, associações corporativas, movimentos populares e outros.

Solicitamos, de antemão, que esse
debate seja organizado pelo Centro Cochrane do Brasil, organização reconhecida por sua integridade científica, que tem por objetivo ajudar as pessoas a tomar decisões baseadas em informações de boa qualidade científica na área da saúde.

Sugerimos que esse
debate tenha como objetivo a regulamentação da assistência extra-hospitalar ao nascimento, com a elaboração de protocolos baseados nas mais atualizadas evidências científicas, permitindo incrementar a segurança e monitorar os desfechos maternos e perinatais, oferecendo a mais ampla gama de alternativas para as gestantes e reforçando a ideia do protagonismo feminino no parto.

E por estarmos de acordo com essa proposta, subscrevemos:


Os signatários

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Oficina com Robbie Davis-Floyd no Recife!


A antropóloga Robbie Davis-Floyd estará pela primeira vez no Recife, no próximo dia 13 de dezembro, ministrando a oficina Antropologia da Reprodução, do Parto e do Nascimento. Para quem ainda não a conhece, Davis-Floyd é doutora em Antropologia da Reprodução, do Parto e do Nascimento, conferencista internacional muito renomada no mundo da humanização do parto e do nascimento, autora do livro "Birth as an American Rite of Passage" (O parto com um rito de passagem americano), no qual analisa minuciosamente cada procedimento e intervenção comumente utilizados na atenção ao parto e revela a natureza ritualística e cultural dos mesmos. Ela identifica três modelos de atenção ao parto vigentes na sociedade contemporânea, cada um com características próprias: o tecnocrático, o humanizado e o holístico.

Na oficina, com duração de um dia inteiro, ela fornecerá um panorama das suas ideias, e da antropologia do parto e do nascimento. É uma oportunidade única e imperdível de entrar em contato com as iluminadoras ideias de Davis-Floyd! As vagas são limitadas!

Antropologia da Reprodução, do Parto e do Nascimento
Oficina com a antropóloga Robbie Davis-Floyd

Data: 13 de dezembro
Horário: 9:00 às 18:30
Local: Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, Cidade Universitária, Recife-PE
Investimento: R$ 50,00 (R$ 20,00 para estudantes de graduação)

Mais informações / inscrições
Instituto Nômades: (81) 9973.8035 | boahora@institutonomades.org.br
Ishtar: (81) 9269.4187 | espacoishtar@gmail.com
Narrativas do Nascer: (81) 9728.5308 | narrativasdonascer@gmail.com

Realização: PPGA/UFPE, Narrativas do Nascer, Instituto Nômades e Ishtar - Espaço para Gestantes

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Organizações civis solicitam reconhecimento do Ofício das Parteiras Tradicionais como Patrimônio Cultural do Brasil

O pedido foi entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para inclusão no Livro de Registro dos Saberes

Foto: Eduardo Queiroga

No último dia 05 de setembro, o Instituto Nômades, o
Grupo Curumim – Gestação e Parto, a Associação das Parteiras Tradicionais de Caruaru e a Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes protocolaram na Superintendência do Iphan em Pernambuco a solicitação do registro do Ofício da Parteira Tradicional como bem cultural de natureza imaterial que compõe o patrimônio cultural brasileiro, conforme instituído pelo Decreto Nº 3551/2000. Além de buscar reconhecer os saberes acumulados por essas mulheres e valorizar o ofício, o requerimento do registro é uma demanda da sociedade civil pelo emprego do instrumento legal de salvaguarda do Governo Federal, cujo objetivo principal é propiciar condições para a continuidade da transmissão desses conhecimentos e saberes de importância para a identidade nacional. A solicitação pretende contribuir para reverter a situação de fragilidade do ofício de partejar, superando dificuldades de transmissão e desvalorização diante da tecnologia e conhecimento biomédico.

Os argumentos para inclusão das Práticas e dos Saberes das Parteiras como Patrimônio Cultural do Brasil estão baseados nos resultados dos projetos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco, patrocinado da Petrobras, e Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, incentivado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (FUNCULTURA), ambos realizados pelo Instituto Nômades, entre 2008 e 2011. Os inventários identificaram que a maioria das parteiras entrevistadas têm idade avançada e encontra dificuldades de repassar os conhecimentos do ofício. O Instituto Nômades utilizou a metodologia do Inventário de Nacional Referências Culturais (INRC) do Iphan para entrevistar 220 parteiras em 6 municípios e 3 etnias indígenas no estado de Pernambuco, além da descrição etnográfica. Por meio dos relatos das entrevistadas, foram registrados, por exemplo, as principais formas de aprendizado do ofício, técnicas de avaliação da parturiente, além de banhos, chás e massagens para “esquentar as dores”, e rezas ou orações utilizadas durante o trabalho de parto, assim como o significado do ofício para as praticantes e o público assistido.

Para a realização dos inventários, o Instituto Nômades contou com a parceria do Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros (Naseb/UFPE) e com os apoios do Grupo Curumim, do Iphan, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da ONG Saúde Sem Limites. Durante a pesquisa, também foi realizado investimento na captação de imagens das parteiras entrevistadas para ilustrar o universo inventariado, resultando em um rico banco de imagens. Deste material, foram selecionadas 241 fotografias que compõem o inventário das parteiras tradicionais e outras 130 que retratam o ambiente das parteiras indígenas.

A solicitação do registro do Ofício das Parteiras Tradicionais como Patrimônio Imaterial está sendo analisada por técnicos do Iphan e será encaminhada para a Câmara do Patrimônio Imaterial para avaliação da pertinência do pedido.

Mais informações: nomades@institutonomades.org.br

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

I Roda de Diálogos Narrativas do Nascer

O projeto de extensão Narrativas do Nascer, coordenado pela antropóloga e professora do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE, Elaine Müller, em parceria com o Instituto Nômades, promoverá no sábado, dia 20.08, sua I Roda de Diálogos, com o tema Parto Normal ou Cesárea? Estamos convidando profissionais que atendem partos para falarem de suas práticas, e mulheres para relatarem suas experiências.
A ideia do Projeto Narrativas do Nascer é abordar parto e nascimento como eventos culturais, que envolvem crenças, rituais e discursos variados. Nas rodas de diálogo, teremos a oportunidade de conhecer a pluralidade de procedimentos no atendimento à mulher e ao recém-nascido, a forma como estas práticas são recebidas e o seu impacto nas experiências das mulheres e suas famílias.
O evento é gratuito e aberto para todas as pessoas interessadas!
Parto Normal ou Cesárea?
I Roda de Diálogos do Projeto Narrativas do Nascer

Local: Livraria Cultura Paço Alfândega – Recife
Data: 20 de agosto 10 às 13 horas
Realização: UFPE e Instituto Nômades
Apoio: Livraria Cultura
Mais informações: http://narrativasdonascer.blogspot.com/ narrativasdonascer@gmail.com

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lançamento do Projeto Narrativas do Nascer

O projeto de extensão Narrativas do Nascer, coordenado pela antropóloga e professora do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE, Elaine Müller, em parceria com o Instituto Nômades, será lançado hoje, a partir das 14:00, na UFPE. O projeto aborda o parto e o nascimento como eventos culturais que envolvem crenças, discursos e rituais diversos, e tem por objetivo trazer a público discursos e relatos a respeito dos processos de parto e nascimento que coexistem atualmente em nossa sociedade.

Mais informações: http://www.narrativasdonascer.blogspot.com/
.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Violência na Atenção ao Parto

24/02/2011 - 07h49
Uma em quatro mulheres relata maus-tratos durante o parto
DE SÃO PAULO

Chorando em um hospital, agulhada pelas dores das contrações do parto, mulheres brasileiras ainda têm de ouvir maus-tratos verbais como: "Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?". A informação é da reportagem de Laura Capriglione publicada na edição desta quinta-feira da Folha (
íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

De acordo com o texto, uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto, perpretada por profissionais de saúde que deveriam acolhê-la e zelar por seu bem-estar. São agressões que vão da recusa em oferecer algum alívio para a dor e xingamentos até gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório.

Os dados integram o estudo "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado", realizado em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc e divulgado agora. A Folha obteve com exclusividade o capítulo "Violência no Parto", que pela primeira vez quantificou à escala nacional, a partir de entrevistas em 25 unidades da Federação e em 176 municípios, a incidência dos maus-tratos contra parturientes.

Editoria de Arte/Folhapress



Fonte: Folha.com -
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/880316-uma-em-quatro-mulheres-relata-maus-tratos-durante-o-parto.shtml

domingo, 5 de dezembro de 2010

Planeje seu parto e informe-se!

Publicação: 03/12/2010 12:16 Atualização: 03/12/2010 20:03

Planejando cada etapa
Toda gestante pode ter um plano de parto, que é uma lista de desejos por escrito. No caso de um parto sem complicações, é perfeitamente possível que a equipe médica siga seu plano, que pode ser feito com o obstetra e deve ser levado, impresso, no dia do parto. “Os casais brasileiros estão percebendo cada vez mais que os médicos e profissionais da saúde bem-intencionados nem sempre têm respaldo científico que sustentem as práticas obstétricas comuns e que muitas dessas práticas são adotadas simplesmente por serem parte de uma tradição médico-hospitalar”, afirma Ana Cris Duarte, do site Amigas do Parto.

“O pai ou mesmo a mãe pode ter uma conversa prévia com o neonatologista, com o anestesista, com os enfermeiros. Explicar suas preferências. Mostrar o plano de parto para eles e combinar a possibilidade dele ser respeitado”, recomenda a psicóloga e doula Clarissa Khan. É indicado que seu plano de parto tenha indicações tanto para um trabalho de parto normal, quanto para uma cesariana.

O que pode constar em um plano de parto:
- O local onde você deseja parir: em casa, na casa de parto, no hospital?
- Quem serão seus acompanhantes.
- Desejos como liberdade de caminhar, uso da água no trabalho de parto, liberdade para ingestão de alimentos e bebidas, aparelho de som ligado no momento do parto, luz baixa.
- Infusão intravenosa apenas se houver indicação médica.
- Rompimento espontâneo da bolsa d’água.
- Clampeamento do cordão umbilical apenas depois que ele parar de pulsar, com o corte feito pelo pai.
- Bebê colocado imediatamente no colo da mãe (ou sobre a barriga ou nos seus braços).
- Bebê amamentado assim que possível.
-Tirar fotografias ou filmar o parto.

Pesquise, informe-se e decida!
Conheça importantes pesquisas que fortalecem a corrente do parto humanizado:

- A questão do clampeamento do cordão umbilical
O cordão umbilical é um elo entre mãe e filho de vital importância. É por ele que a placenta faz a troca gasosa com o feto e envia os nutrientes necessários para seu desenvolvimento. Quando a criança nasce, o cordão umbilical, ainda ligado à placenta, continua enviando sangue oxigenado. Dando tempo para que os pulmões do bebê se adaptem às novas condições e realize os movimentos de inspiração e expiração sem pressa. De forma gradativa. Enquanto o cordão umbilical pulsa, ele ainda está fazendo a troca. Levando em consideração estudos que apontavam que o corte tardio do cordão umbilical, e não imediato, reduzia o risco de anemia em crianças (por aumentar a concentração de hemoglobina e ferro no sangue), a pesquisadora e pediatra Sônia Venâncio pesquisou, no ano de 2006, as consequências do corte imediato do cordão umbilical, praticado em grande parte dos partos e apoiado nos seguintes argumentos: ele preveniria a icterícia, a policitemia e a anemia materna.
Sônia analisou 109 casos de cortes imediatos e 115 casos de cortes tardios, investigando a relação do clampeamento do cordão umbilical com a diminuição dos estoques de ferro em bebês com até 6 meses de vida. Os resultados encontrados confirmaram os benefícios do corte tardio por, de fato, aumentar o estoque de ferro. E, desmitificando a antiga crença, não foram verificadas no estudo maior frequência de icterícia, policitemia ou complicações maternas decorrentes do clampeamento tardio do cordão umbilical. “Deve-se permite que a função pulmonar se estabeleça gradualmente. Para que o bebê possa expelir as secreções com tranquilidade e respirar de maneira mais fisiológica”, adverte o obstetra Thomas Gollop.

- Ultrassonografias
Um estudo da pesquisadora Maria do Carmo Leal apontou que muitos filhos de cesarianas eletivas (pré-marcadas) nascem antes do tempo ideal. O motivo seria o fato das ultrassonografias terem uma margem de erro que nem sempre é considerada. Muitas crianças acabam nascendo imaturas, com 35 a 36 semanas (pré termo tardias), quando os médicos achavam que ela tinha 38 semanas. “O bebê nasce com desconforto respiratório, angústia e, em vez de amadurecer no ventre materno, acaba indo para uma máquina incubadora. E ninguém explica para a mãe, que fica angustiada, o que realmente desencadeou a internação do recém-nascido. Isso é um problema sério. A natureza tem sua sabedoria. O trabalho de parto indica a maturidade da criança, inicia na hora certa”, alerta a médica Daphne Rattner.

Fique atento
No documento divulgado pela Organização Mundial de saúde, algumas práticas comuns na condução do parto normal são classificadas, com base em evidências científicas e em debates de profissionais. Separamos as mais populares:

1. Uso rotineiro de enema (lavagem intestinal):
O que diz a OMS: os enemas supostamente estimulam as contrações uterinas e o intestino vazio facilitaria a descida da cabeça do bebê pelo canal vaginal. Também evitaria contaminação. Entretanto, essa é uma prática incômoda que apresenta risco de lesão intestinal.
O que dizem os estudos: dois estudos (Rommey e Gordon, 1981, e Drayton e Rees, 1984) não detectaram efeitos sobre a duração do trabalho de parto ou sobre infecção neonatal ou infecção da incisão de episiotomia.

2. Uso rotineiro de tricotomia (raspagem dos pelos pubianos)
O que diz a OMS: a tricotomia é considerada desnecessária e somente deve ser realizada a pedido da mulher.
O que dizem os estudos: são de 1922 (Johnston e Sidall) e 1965 (Kantor) os estudos que derrubam a tese de que a tricotomia reduziria riscos de infecção e facilitaria a sutura. O uso rotineiro, pode, inclusive aumentar o risco de infecção pelos vírus HIV e da hepatite, tanto para o parteiro quanto para a parturiente.

3. Infusão intravenosa e suspensão da ingestão de líquidos e sólidos
O que diz a OMS: as opiniões sobre a necessidade de nutrição intravenosa durante o parto variam amplamente em todo o mundo. O trabalho de parto requer enorme quantidade de energia. Como não se pode prever sua duração, é preciso repor essas fontes de energia. A restrição severa da ingestão oral de alimentos pode levar à desidratação.
O que dizem os estudos: essa necessidade de energia é normalmente compensada por uma infusão intravenosa de glicose. Estudos que datam de 1980, 1981 e 1982 apontaram que o aumento da glicose acompanhava um aumento nos níveis maternos de insulina, o que pode levar a uma série de complicações, que podem ser evitadas com a simples oferta de líquidos e alimentos leves para a gestante ingerir.

4. Recomendação de que a gestante fique deitada
O que diz a OMS: ficar deitada durante o primeiro estágio do trabalho de parto afeta o fluxo sanguíneo uterino, podendo comprometer o estado fetal.
O que dizem os estudos: para publicações como Ambulation in labour e Upright posture and the efficiency of labor, a posição supina (deitada com a barriga para cima) também reduz a intensidade das contrações, interferindo no progresso do trabalho de parto. Ficar de pé está associado a uma maior intensidade e maior eficiência das contrações.

5. Administração de ociócitos e ruptura mecânica da bolsa d’água
O que diz a OMS: esse é um método de prevenção do trabalho de parto prolongado. Muitas vezes, essas ações são iniciadas de forma tão precoce, mesmo não apresentando nenhum motivo válido para tal.
O que dizem os estudos: um estudo controlado (O’Driscoll, 1973) verificou aumento considerável de desacelerações de batimentos cardíacos fetais após a ruptura precoce da bolsa. Quanto à infusão de ocitocina, não existem benefícios comprovados de seu uso. Sua infusão inibe a produção natural da ocitocina e pode deixar o trabalho de parto ainda mais doloroso.

6. Controle da dor por analgesia peridural
O que dia a OMS: a peridural fornece um alívio melhor e mais duradouro da dor que muitos outros métodos. Mas exige condições importantes: o trabalho de parto deve ocorrer em um hospital bem equipado e sobre a constante supervisão de um anestesista. Porém, com seu uso, há uma tendência para que o primeiro estágio do trabalho de parto seja mais longo.
O que dizem os estudos: um estudo americano recente apontou que o número de cesarianas aumentou quando a analgesia peridural foi usada durante o trabalho de parto.

7. Uso liberado da episiotomia
O que diz a OMS: a episiotomia é um corte cirúrgico feito na região do períneo. Ele visa facilitar ou acelerar a saída do bebê e evitar uma laceração de terceiro grau. Porém, uma vez que a incidência de laceração de segundo grau é de cerca de 0,4%, o diagnóstico perde seu significado. Não existem evidências de que seu uso rotineiro seja benéfico.
O que dizem os estudos: o uso liberal da episiotomia está associado a maiores taxas de traumatismo ao períneo. Com ou sem o uso do método, mulheres tiveram um grau comparável de dor perineal avaliada aos 10 dias e 3 meses após o parto.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2010/12/03/interna_revista_correio,226011/planeje-seu-parto-e-informe-se.shtml

domingo, 24 de outubro de 2010

Por que algumas mulheres têm prazer ao dar à luz?

Terra

Julia sentia prazer durante a relação sexual, mas, para chegar ao orgasmo, precisava de uma mãozinha, como um pouco de sexo oral. Ficava um pouco frustrada, pois gostaria de conseguir com a penetração pura e simples, mas não se preocupava muito.

Depois de engravidar, percebeu mudanças interessantes. “Eu me sentia mais relaxada e parecia que tudo acontecia com mais intensidade. Acho que foi no segundo mês que cheguei lá pela primeira vez durante o ato propriamente dito.”

A explicação é tanto psicológica quanto física. Durante a gestação, a mulher perde o medo de engravidar (afinal, já está grávida), sente-se poderosa. Por outro lado, aumenta a irrigação sanguínea na região genital, que fica mais sensível, e o efeito pode ser o sentido por Julia. Nem todas têm a mesma sorte, já que o período é permeado por ambiguidade: a associação da ideia de maternidade e santidade pode atrapalhar as coisas para a grávida e para o parceiro. A sensibilidade pode ser percebida como excessiva por outras, traduzindo-se em dor.

Prazer e dor, de fato, são muito próximos. Se muitas têm medo da dor do parto normal, outras literalmente têm orgasmos com ela.

Muita gente considera gozar no parto uma lenda, mas a questão é tema de uma conferência com profissionais de saúde feminina para discutir o tema que começa hoje (20 de outubro) em Nova York. Isso mesmo: a associação automática que as mulheres fazem entre parto normal e dor acabou, pelo menos para as que sentem êxtase ao dar luz ao filho.

A conferência vai durar oito semanas, e a cada uma receberá um profissional diferente. Organizada por Sheila Kamara Hay, membro do conselho da ONG Choices for Childbirth (Escolhas para o Parto), o evento atrai mulheres de várias partes do mundo que buscam por esse parto prazeroso.

Uma das palestrantes confirmadas é Debra Pascalinaro, diretora do documentário Orgasmic Birth (Parto Orgástico), lançado em 2008. (http://www.orgasmicbirth.com/). O filme trouxe novamente o fato à discussão, apresentando vários depoimentos de educadores, obstetras, ginecologistas sobre o assunto, incluindo o de mulheres que já passaram por essa situação.

O assunto não é totalmente desconhecido no Brasil, o que pode ser visto pela participação no documentário do obstetra brasileiro Dr. Ricardo Hebert Jones, conhecido pelo histórico de 1.500 partos em 15 anos de carreira.

Segundo Jones, não existe técnica ou curso para atingir o orgasmo ao parir, mas existem alguns fatores influentes que podem ser discriminados. “Orgasmo durante o nascimento só pode ocorrer quando todas as variáveis de segurança, afeto, tranquilidade e equilíbrio emocional estiverem garantidas”, pondera. “Desta forma, o orgasmo será a conseqüência deste ambiente de positividade, e não sua busca objetiva”.

A explicação científica para essa sensação tem como base a produção hormonal. “A ocitocina, produzida na hipófise, por muito tempo foi pensada como um hormônio exclusivo da gravidez”, explica a médica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Carolina Ambrogini. “Mas isso mudou com a descoberta de que a mulher libera o hormônio quando tem um orgasmo nas relações sexuais”.

A função da ocitociona no parto é produzir as contrações, e depois atua na ejeção do leite materno. Por isso, de acordo com a Dra. Carolina, algumas mães ficam agitadas ao amamentar. “É um hormônio bem interessante porque tem o papel de fazer as pessoas se conectarem: liga a mulher a seu parceiro e posteriormente ao filho.

Quanto à interferência da dor no processo, a especialista explica que em alguns casos, dependendo da sensibilidade e do circuito neural de cada uma, a dor pode contribuir para o orgasmo, mas o caso mais comum é o êxtase após a ejeção do bebê.

A consultora perinatal Sandra Moreira de Almeida, por exemplo, relata que sentiu êxtase ao dar à luz a seu filho. “Estava grávida de gêmeas, e quando a segunda nasceu, meu corpo inteiro vibrou de uma forma que nunca experimentei antes”, relata. “A sensação de libertação é como a do orgasmo sexual, porém, indescritivelmente mais profunda, abrangente e intensa”.

LENDA?
Apesar de todas as evidências, o assunto ainda enfrenta resistências entre os médicos. Um exemplo é a ginecologista e obstetra Marisa Teresinha Patriarca, que vê o parto orgástico como “uma lenda”.

Essa negação, para Dr. Carolina, tem dois motivos. “Existe um certo preconceito porque a mulher, na hora do parto, não pode remeter a nada sexual”, pondera. “Outra razão possível é o desconhecimento dos amplos funcionamentos da ocitocina”.

PÓS-PARTO
O orgasmo também é um assunto delicado no período pós-parto, quando é preciso que as mulheres tenham cuidado ao buscar a satisfação sexual. O livro Orgasmos: como chegar lá, da sexóloga Jenny Hare, ressalta que, nessa época, é importante alguma abstinência sexual. Esse tempo gira em torno de 42 dias, para que o útero se recomponha e o desconforto da área genital diminua – no caso das que passaram por um parto normal.

Mas o prazo pode variar, segundo Jenny. “Se tiver sido lacerada durante o parto ou se precisou de uma episiotomia, os tecidos dentro e em volta da vagina precisarão de bastante tempo para se recuperar do trauma e podem demorar mais seis semanas para sarar”, explica.

Caso a mulher tenha desejos nesse período, mas esteja sensível, a dica é optar pela masturbação ou pelo sexo oral. A sexóloga aconselha a esperar que a vontade volte, e quando isso acontecer, sugere que a nova mãe estimule-a excitação com amor, pensamentos eróticos e fantasia.


Fonte: http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?edt=34&id=137887

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lei do Acompanhante de Parto - Nosso direito não está À VENDA!

A partir de uma denúncia individual que relatou a cobrança de taxa em um hospital em Cuiabá-MT, o Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com os hospitais particulares locais.

Agora, todos eles terão de permitir a permanência do acompanhante de livre escolha da parturiente gratuitamente no acolhimento, pré-parto, parto e pós-parto imediato e afixar cartazes informando os direitos das gestantes. (notícia no link: http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_consumidor-e-ordem-economica/mpf-mt-move-acao-contra-hospitais-por-cobranca-ilegal-de-taxa/)

Se você foi impedida de ter um acompanhante de sua livre escolha nesse momento tão delicado e especial que é o nascimento de um filho(a), DENUNCIE.

Se cobraram uma taxa para a entrada do seu acompanhante no parto, para o uso da roupa esterilizada (taxa de paramentação), para sua pernoite ou alimentação, DENUNCIE.

Se impediram a entrada do seu acompanhante por ser ele um homem ou por ser uma mulher, ou por não ser o pai, DENUNCIE.

Toda mulher tem o direito assegurado pela Lei 11.108/2005 de ter um acompanhante de sua livre escolha no acolhimento, pré-parto, parto e pós-parto imediato e os planos privados de saúde são obrigados a cobrir as despesas de um acompanhante por esse período, incluindo a taxa de paramentação, a alimentação e a acomodação adequada para pernoite.

É possível pedir "sigilo de dados pessoais" em sua denúncia, se desejar.

Para denunciar e obter mais informações acesse:
Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Violência em maternidades revela problemas na saúde pública

Por Rafaela Carvalho - rafaela.souza.carvalho@usp.br

Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revela que grávidas em trabalho de parto sofrem diversos maus tratos e desrespeitos por parte dos profissionais de saúde nas maternidades públicas. Segundo a análise, esse tipo de violência, além de apontar para os problemas estruturais da saúde pública, revela a “erosão” da qualidade ética das interações entre profissionais e pacientes, a banalização do sofrimento e uma cultura institucional marcada por estereótipos de classe e gênero.

Autora do trabalho, a psicóloga Janaína Marques de Aguiar explica que essa violência acontece de diversas formas: negligência na assistência, discriminação social e racial, gritos, ameaças, repreensão, piadas jocosas, a não permissão de um acompanhante à escolha da paciente – direito que é garantido por lei – e até mesmo a não utilização de medicação para alívio da dor, quando for tecnicamente indicada. Muitas vezes, esse tipo de violência acontece quando as pacientes manifestam o seu sofrimento. “Elas já chegam ao atendimento público alertadas por mães, irmãs ou vizinhas que quem grita sofre mais: é deixada para ser atendida por último ou é maltratada.”

Para a realização desse trabalho, a psicóloga entrevistou 21 mulheres que estavam no período de até três meses após o parto em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo, além de 18 profissionais da saúde pública. A partir das entrevistas, Janaína constatou que a violência institucional é banalizada e, portanto, invisibilizada por grande parte dos profissionais, que nem sempre identificam esses desrespeitos e maus tratos como uma forma de violência. “Muitas vezes, essas atitudes são vistas como uma brincadeira ou como uma tentativa do médico de fazer com que a paciente o escute.” A pesquisadora relata que é frequente o uso de ameaças para que a paciente não grite e não faça escândalo. “São comuns frases do tipo: ‘Está chorando/gritando por quê? Na hora de fazer não chorou/gritou.’ Esse jargão é bastante comum e aponta para a crença, ainda frequente nos dias de hoje, de que a dor do parto é o preço a ser pago pelo prazer sexual”, diz a pesquisadora.

Além disso, muitos dos profissionais entrevistados ressaltam a falta de anestesistas de plantão para analgesias de parto normal. A situação também é um flagrante da precariedade do sistema e de uma cultura institucional que ainda negligencia a humanização da assistência.

O outro como objeto

Janaína ressalta que a violência acontece porque o outro é tomado como um objeto de intervenção e não como um sujeito. “A complexidade desse tema envolve desde a precarização do sistema público de saúde até a própria formação dos profissionais, que muitas vezes não é voltada para uma humanização da assistência”, explica.

Como pano de fundo da violência institucional está a ruptura na comunicação, no diálogo entre profissionais e pacientes. Omitir informações, não informar sobre os procedimentos realizados, não negociar com a paciente a realização desses procedimentos, viola os seus direitos e nega sua autonomia. Isso pode gerar maior estresse para a mulher que está sendo atendida, dificultando uma comunicação eficaz.

Janaína ressalta ainda que mesmo em um contexto de dificuldades estruturais, com falta de recursos humanos e materiais, com alta demanda de atendimentos em pouco tempo, muitos profissionais conseguem dar uma assistência humanizada para suas pacientes. “Há, portanto, possibilidades de uma assistência sem violência. Mas é preciso reconhecer que essa violência existe, saber como e por que ela acontece para que se possa combatê-la.”

A tese de doutorado Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero, financiada por bolsa Fapesp, foi apresentada ao Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e orientada pela professora Ana Flavia Pires Lucas D’Oliveira.

Mais informações: email jamaragui@usp.br

Fonte:
http://www.usp.br/agen/?p=36706

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não vá carregada para o parto

2010/07/16 - Ana Esteves

O medo, a insegurança, a falta de auto-confiança, a distância em relação ao corpo são pesos que carregamos para o parto e vão condicioná-lo. Preparar-se para o parto é sobretudo aliviar a carga.

A parteira mexicana Naoli Vinaver diz que carregamos muitas malas connosco para o parto. Não é só a mala com as nossas roupas e as do bebê. São as malas com tudo o que temos por resolver na nossa vida, com tudo aquilo que o que nos amarra. São malas bem pesadas, por vezes. E às vezes são imensas.

Durante o trabalho de parto vamos libertando-nos de muitas delas, vamos-nos desamarrando. Por isso se diz que o parto pode ser transformador. Mas se o peso for excessivo, o parto pode arrastar-se, complicar-se ou até não ter início. Por isso, a enfermeira parteira Lúcia Leite diz que "a preparação para o parto faz-se no coração e na cabeça, trabalhando os medos e a auto-confiança."

Por isso, o obstetra Ricardo Jones escreve: "Tanto quanto no sexo, existe muito mais no nascimento humano do que o que se pode encontrar no corpo e suas medidas." Apesar de a obstetrícia ainda não incorporar na sua prática esta evidência científica, a verdade é que se descobriu "uma nova dimensão no nascimento, qual seja, a indissociabilidade das emoções e sentimentos ao lado dos eventos mecânicos já conhecidos. Ficou evidente que muitas mulheres falhavam em ter seus filhos de uma forma mais natural porque algo além do corpo as impedia."

O medo faz com que as mulheres estejam contraídas e não deixa libertar os hormônios que estimulam as contracções e a dilatação. Isto é assim porque somos mamíferos e a natureza, que sabe o que faz, encontrou esta forma de proteger as nossas crias: elas não nasceriam em ambiente ameaçador, mas apenas quando a mãe estivesse tranquila e segura.

Tendo em conta estas evidências, vale a pena preparar-se e aliviar alguma da sua carga. Faça-o por si e pelo seu bebê. Um parto com menos intervenção é um parto mais saudável, com menos riscos, que leva a um pós-parto infinitamente mais fácil. O poder de dar à luz o seu bebê está em si. Só tem de descobri-lo. Deixamos-lhe algumas dicas:

Converse com alguém da sua confiança, fale dos seus medos, mesmo daqueles que parecem mais inconfessáveis, mais patetas, mais simples ou mais complicados.

Se não tem ninguém com quem falar do mais íntimo do íntimo, dos medos mais inconfessáveis, se lhe custa verbalizar, ouvir-se dizer coisas que ainda nem percebeu muito bem... escreva. Um diário de gravidez é bom, mas é para deixar para a história. Escreva num caderno que seja só seu, onde não sinta os olhares de quem vai ler. Registe sentimentos, medos, inseguranças e estará a libertar-se de um grande peso. Escrever é uma excelente maneira de deitar cá para fora porque ninguém nos está a ouvir, mas também de organizar as ideias, trabalhar os medos, estruturar as prioridades.

Participe em listas de discussão sobre parto humanizado.

Procure uma doula que a poderá acompanhar na gravidez, no parto e no pós-parto dando-lhe apoio emocional, ajudando-a a desfazer muitos dos seus medos.

Faça uma lista daquilo que quer fazer ou resolver antes de do parto. Não se limite às compras e à preparação do quarto do bebé.

Pratique ioga ou pilates. Ajuda não só fisicamente, mas também mentalmente promovendo bem-estar e a união com o bebê.

Aprenda técnicas de relaxamento ou meditação. Para quem tem altos níveis de ansiedade, estas técnicas são uma excelente forma de encontrar mais tranquilidade e confiança no próprio corpo. Um relaxamento profundo produz ondas cerebrais alfa, diminui a tensão arterial, reduz a tensão muscular, logo reduz também o stress e a ansiedade.

Visualização positiva: visualizar o bebê estimula a ligação com ele e acalma os medos.

Abrande o ritmo perto do final da gestação. Se puder, suspenda o trabalho. Dedique-se a fazer o ninho e relaxar. Passeios à beira-mar e ouvir música são boas actividades para aproveitar o fim do tempo de gestação.

Fonte:
http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1070113&div_id=3627

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Parto traumático e direito a acompanhante no parto

http://jc3.uol.com.br/jornal/2010/05/16/not_377265.php

JORNAL DO COMMERCIO
» MATERNIDADE
Parto traumático gera estresse prolongado
Publicado em 16.05.2010

Pesquisadores da UFPE realizam estudo inédito na área e alertam para problema que pode ser gerado pela má assistência no hospital

Veronica Almeida
valmeida@jc.com.br

Maria tem 20 anos. Pariu o primeiro filho há um mês, num hospital público do Sertão de Pernambuco. Descreve o nascimento da desejada criança, fruto do seu casamento por amor, como uma sessão de horror e tortura. Com nove meses de gestação completos, sente as primeiras dores pela manhã. Procura a maternidade e, mesmo sem examiná-la, a médica a manda de volta para casa. As dores aumentam e ela retorna ao mesmo serviço. À noitinha a obstetra a examina e diz que a transferência para outra maternidade é inevitável porque não há vagas no serviço. A jovem mãe insiste, teme ficar longe da família e perder o filho. É alojada numa enfermaria-geral.

Quando o corpo começa a expulsar a criança, a gestante desce sozinha da maca e anda todo o corredor, sem qualquer apoio, até a sala de parto. No nascimento propriamente, é culpabilizada por não ajudar, sente os cortes para a passagem do bebê e, no fim, mais uma vez é tratada com indiferença. “Me mandaram descer sozinha da mesa”, conta, lembrando os momentos finais em que novamente se sentiu abandonada, ignorada e agredida. Foram horas pensando que poderia morrer ou ver a criança nascer morta. “Nunca mais quero ter filho”, sentencia, visivelmente traumatizada com o horror do parto, anormal para a expectativa de quem estava descobrindo a maternidade. Maria não quer ser identificada, teme ser vítima no futuro, pois é dependente do único serviço de saúde da cidade.

A história acima repete-se em relatos colhidos na porta de hospitais e nos acolhimentos feitos por entidades feministas e de direito reprodutivo. É um exemplo de como um dos momentos mais importantes na vida da mulher pode se transformar em sofrimento psíquico de repercussões que a ciência só recentemente vem estudando.

Psiquiatras do Programa de Saúde Mental da Mulher da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) alertam para a incidência do parto traumático e outra complicação posterior, o transtorno do estresse pós-traumático, que interfere na vida conjugal e reprodutiva da mulher, como também na relação mãe-bebê. Eles vão iniciar no segundo semestre deste ano uma pesquisa que visa avaliar a incidência do problema em mulheres que deram à luz no Recife.

Em 2008, ao estudar depressão pós-parto e transtornos de ansiedade, o programa detectou uma proporção significativa de mulheres vítimas do parto traumático e 5% delas já apresentavam o transtorno do estresse pós-traumático, segundo o psiquiatra Amaury Cantilino, doutor em neuropsiquiatria e ciências do comportamento. Ele coordena o Programa de Saúde Mental da Mulher da UFPE, que também faz atendimento ambulatorial, às sextas-feiras pela manhã (telefone 81-2126-3692), recebendo mulheres encaminhadas por obstetras e pediatras.

O grupo de estudiosos, formado também pelos psiquiatras Carla Zambaldi e Everton Sougey, publicou no ano passado artigo em revista científica brasileira sobre o assunto. Seria a primeira publicação local a respeito do tema e trata-se de revisão da literatura mundial, cujo artigo inicial é de 1998. As descobertas recentes sobre o impacto do problema sugerem que a próxima classificação em psiquiatria considere o transtorno do estresse pós-traumático relacionado especificamente ao parto.

“De 21% a 34% das mulheres podem experimentar o parto traumático”, explica Amaury Cantilino. Segundo ele, o trauma ocorre durante o trabalho de parto ou no momento do nascimento da criança que envolve real ou temida lesão física. Dor excessiva, hemorragia, morte do recém nascido, uso de fórceps, experiência humilhante, cuidado médico inadequado, transferência do bebê para uma UTI ou anomalia congênita são algumas das situações listadas que levam ao sofrimento psíquico da mãe. “Nesse evento, a mulher experimenta medo intenso, desamparo, perda de controle e horror”, esclarece.

CONSEQUÊNCIAS

As mulheres traumatizadas com o parto relatam atendimento arrogante, frio, técnico e queixam-se de não ter sido ouvidas pela equipe de saúde. “Mesmo quando um parto é considerado dentro da normalidade pela equipe de saúde, pode ser traumático para a parturiente”, acrescenta o psiquiatra, dando uma noção mais ampla do problema. Experiências anteriores ao nascimento do filho também favorecem o distúrbio. Mulheres que sofreram violência sexual na infância ou fase adulta têm 12 vezes mais chances de sofrer parto traumático.

Uma fração das que desenvolvem o trauma acaba tendo o estresse pós-traumático, caracterizado por recordações aflitivas, associadas em parte dos casos a ansiedade, raiva, depressão e tensão. “A mulher revive o trauma em pensamentos e pesadelos”, explica a psiquiatra Carla Zambaldi. Para ela, é fundamental que a gestante tenha um bom acompanhamento no pré-natal para identificação de fatores individuais que previamente podem ajudar a desencadear o trauma no parto.

“O que protege as mulheres é o acesso prévio a bastante informação sobre o parto, que a deixa consciente sobre o que vai acontecer, como também o apoio que ela recebe na hora do nascimento do bebê. Daí a importância do acompanhante, que pode ser o pai da criança, a mãe da parturiente ou mesmo doulas (mulheres da comunidade que acompanham a gestante)”, avalia Carla Zambaldi. Segundo ela, cabe à equipe que assistiu a mulher no parto (obstetra e enfermeiros) observar e conversar com a mulher sobre a experiência que ela vivenciou. Ao identificar a situação traumática, a paciente deve ser encaminhada a serviço de saúde mental.

Quando a mulher desenvolve o estresse pós-traumático, apresenta sofrimento significativo e prejuízo na sua função social, familiar ou ocupacional, lembra Amaury Cantilino. O tratamento é com assistência psiquiátrica e psicológica.

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http://jc3.uol.com.br/jornal/2010/05/16/not_377266.php


Mulheres reivindicam direito a acompanhante
Publicado em 16.05.2010

A antropóloga Júlia Morim, 30 anos, tem excelentes lembranças do nascimento da sua primeira filha. Maria, hoje com 4 anos e sete meses, nasceu em casa, acompanhada pelas avós e o pai. A conscientização de que se trata de algo natural e o ambiente harmônico que protegeu Júlia no momento das dores do parto é tudo que ela deseja a outras mães. Há quatro anos participa do movimento nacional Parto do Princípio (mulheres em rede pela maternidade ativa), que luta pela humanização da assistência às gestantes e direito ao acompanhante nas maternidades públicas e privadas.

Embora desde 2005 o Brasil estabeleça o direito à presença de um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no Sistema Único de Saúde (SUS), pela Lei 11.108, poucos serviços obedecem à legislação.

Em 2008, resoluções das Agências Nacionais de Saúde (ANS) e da Vigilância Sanitária (Anvisa) exigiram o mesmo direito na rede privada e determinaram cobertura dos planos de saúde de um acompanhante indicado pela mulher para acompanhar o parto. O problema é que parte dos serviços, quando não proíbe o acompanhante, restringe o seu tempo de permanência, cobra taxa para entrada, ou limita a escolha da parturiente.

Desde o início de março, o movimento nacional vem denunciando os constrangimentos ao Ministério Público. Em Pernambuco, denúncias estão sendo coletadas pelo Parto do Princípio pelo telefone (81) 9979-8817 e pelo e-mail julia@partodoprincipio.com.br.

“O nascimento de uma criança é um evento familiar, não se trata de um ato médico. A mulher não é um corpo que está expulsando um bebê. É uma pessoa que sente emoção, que precisa ser respeitada e ouvida”, diz Júlia, em resposta à forma como os partos são conduzidos nos serviços de saúde, em que a mulher não tem direito de escolha, é humilhada e criticada.

A dor do parto tem sido culturalmente construída nos tempos atuais como algo insuportável, fato que alimenta a opção por cesarianas. Júlia vivenciou a cirurgia na segunda gravidez, em que o filho Vicente estava sentado e o líquido amniótico era reduzido. “Não gostei da experiência. O pós-parto incomoda, falta condição física para cuidar do bebê logo depois e não vivenciamos o trabalho de parto, que é transição natural da gravidez para o nascimento do filho”, relata. Para Júlia, o parto normal assistido de forma humanizada, com direito a acompanhante, deve ser exigido pelas mulheres, já que é um dever dos gestores.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Globo Comunidade - Especial Dia das Mães

O Globo Comunidade de ontem, 09 de maio de 2010, Dia das Mães, abordou o tema PARTO e contou com a participação de Júlia Morim, coordenadora do Grupo Boa Hora, e da obstetra Kátia Marroquim.


Abaixo o link para o vídeo:

http://pe360graus.globo.com/videos/cidades/saude/2010/05/09/VID,16477,4,62,VIDEOS,879-1O-BLOCO-GLOBO-COMUNIDADE-HOMENAGEIA-MAES-DOMINGO.aspx