terça-feira, 12 de setembro de 2017
A dor do desrespeito
No último sábado vou exibido na TV Jornal um debate acerca da realidade da assistência obstétrica em Pernambuco. Júlia Morim, coordenadora do Grupo Boa Hora, participou do programa juntamente com representantes do Comitê Estadual de Estudos de Mortalidade Materna de Pernambuco, Cremepe e Ministério Público de Pernambuco.
As matérias e o debate estão bastante completos. Vale a pena conferir!
Debate: a Dor do Desrespeito
terça-feira, 11 de julho de 2017
GRUPO BOA HORA
O Grupo Boa Hora é um projeto que faz parte do Programa Boa Hora do Instituto Nômades, que visa promover a humanização do parto e do nascimento e a maternidade e paternidade responsáveis, iniciado em 2005, com o intuito de oferecer a gestantes e casais grávidos apoio emocional, informações confiáveis que possibilitem escolhas mais conscientes em relação aos processos de gestação, parto e pós-parto, e uma vivência mais saudável e prazerosa desses processos.
Os encontros são gratuitos e acontecem nas primeiras e terceiras quartas-feiras de cada mês, das 18:30 às 21:30.
Somos um grupo de educação perinatal, cujo principal objetivo é auxiliar as escolhas de cada família, mediante a divulgação de informações referentes à fisiologia do parto, às intervenções, ao cenário obstétrico de nossa cidade, às evidências científicas.
O Grupo tem o intuito de oferecer a gestantes e casais grávidos apoio emocional, informações confiáveis que possibilitem escolhas mais conscientes em relação aos processos de gestação, parto e pós-parto, e uma vivência mais saudável e prazerosa desses processos.
Comungamos com os princípios da humanização do parto e do nascimento, notadamente com o protagonismo da mulher. Isso significa que lutamos para que as mulheres assumam seu papel decisivo nas escolhas do parto e que essas sejam respeitadas por quem as atende.
Mais informações:
Júlia Morim (81) 98863.1239 (oi)
Dan Gayoso (81) 99973.8035 (tim) / 98960.4721 (claro)
boahora@institutonomades.org.br
Grupo Boa Hora no Facebook
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Os número da Saúde Suplementar - Parto Normal x Cirurgia Cesariana
Dados atualizados em novembro/2015 - RECIFE/PE
Saúde Suplementar
% de Parto Normal x Cirurgia Cesariana - Por Profissional
Saúde Suplementar
% de Parto Normal x Cirurgia Cesariana - Por Profissional
Estamos fazendo esforços para juntar em uma única planilha os dados sobre Parto Normal e Cirurgia Cesariana por profissional, em Pernambuco. A ação visa que a usuária tenha direito à informação de qualidade e baseada em evidências científicas atuais sobre a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais que está contratando.
A medida que obriga a disponibilização desses dados é fruto de denúncia feita no ano 2006 pela Parto do Princípio ao Ministério Público Federal sobre o abuso de cesarianas. De lá para cá, o movimento social de mulheres vem crescendo e pressionando o sistema de saúde a tomar medidas para combater a violência obstétrica, a melhoria da qualidade do atendimento e a redução da taxa de cesarianas desnecessárias.
Quem tiver dados e quiser compartilhar para integrá-los à planilha, favor enviar email para: julia@institutonomades.org.br
MAIS INFORMAÇÕES:
A RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN N-o 368, DE 6 DE JANEIRO DE 2015, da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), que dispõe sobre o direito de acesso à infor- mação das beneficiárias aos percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais, por operadora, por estabelecimento de saúde e por médico e sobre a utilização do par- tograma, do cartão da gestante e da carta de informação à gestante no âmbito da saúde suplementar. Diz em seu Art. 2o:
"Sempre que for solicitado por uma de suas bene- ficiárias ou seu representante legal, a Operadora de Planos Privados de Assistência à Saúde deverá disponibilizar o percentual de cirurgias cesáreas e de partos normais, da própria operadora, estabelecimentos de saúde e médicos nominados pela beneficiária ou seu representante legal."
Para acessar a planilha, clique no link abaixo:
quinta-feira, 30 de abril de 2015
Parto - um evento familiar
Recentemente
foi publicada pelo jornal Folha de São Paulo uma matéria sobre a
participação da família no momento do parto. Ilustrava a reportagem uma imagem
do filho mais velho olhando seu irmão recém-nascido (recém mesmo!) no colo da
mãe, que estava dentro de uma piscina de plástico, sob o olhar do pai, sentado
na escadaria. Compartilhei essa notícia no Grupo do Boa Hora no Facebook e em poucos minutos várias mulheres começaram a falar de suas experiências de
parto com a participação de seus filhos mais velhos. Depois começaram a postar
fotografias demonstrando o envolvimentos do(s) irmão(s) nos processos de
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Gostei tanto dessa troca que pedi para compartilhar as
narrativas e as imagens aqui nesse espaço. Minha intenção foi a de chamar
atenção para o fato de que é preciso pensarmos e tratarmos parto e nascimento
como eventos familiares, que fazem parte do ciclo da vida e que não devem ser
subtraídos dos membros que compõe aquele núcleo familiar, caso esse seja o
desejo dos pais. É preciso haver essa
possibilidade de participação e integração. A chegada de um novo integrante na
família pode ser um momento de reforçar laços afetivos, de fortalecer a união e
de viver uma experiência inesquecível em conjunto. Ainda, pode servir de aprendizado para o(s) irmão(s) mais velhos sobre como é chegar ao mundo com respeito e cercado de amor em
contraste ao que vivenciamos atualmente no cenário obstétrico nacional: epidemia
de cesarianas e violência obstétrica. Como diz o obstetra francês Michel Odent:
“Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”.
Compartilhar
experiências é um meio de disseminar os múltiplos caminhos e possibilidades
para se trazer um filho ao mundo. Também é uma forma de fortalecer outras mulheres
e casais em suas escolhas. Assim, compartilho abaixo, por meio de relatos e
imagens, as vivências de parto com a presença e a participação dos filhos mais
velhos de cinco mulheres que participaram do Grupo Boa Hora. Dos relatos, quatro ocorreram em casa, local onde é possível a livre escolha dos
acompanhantes, sem restrição de idade, sexo ou quantidade. Um ocorreu no hospital com uma equipe sensível e com o entendimento de que aquele momento é da família.
Elaine
Muller – Nascimento de Magnólia
Elaine, Magnólia, Francisco e Lourenço |
"Marcelo também estava emocionado, me beijou, acariciou Magnólia,
tirou fotos da gente. Então Lourenço chorou no outro quarto e ele foi buscar os
meninos. Chegou no quarto com os dois no colo; Lourenço com um imenso sorriso
no rosto, Francisco coçando os olhos, com sono.
Lourenço já se aproximou da piscina querendo tirar a roupa para
entrar na água, o que desestimulamos. Francisco se assustou com a temperatura
da água e disse que tinha queimado o dedo. Depois começaram a ajudar, Chicão
tirando as almofadas para prepararem a cama, Lourenço procurando a bolsa com as
roupinhas que havíamos separado para vestirmos na bebê. Eles ficaram muito
empolgados com a irmãzinha, disseram várias vezes que ela era linda. E Lourenço
foi além: 'quando Magnólia crescer, ela vai ser adulta e vai matar todos os
dinossauros'. 'Magnólia, você também é Mulher Gato'. E Chicão: 'ela é Mulher
Gatinha, mamãe'.
Fiquei um bom tempo dentro da água, sem conseguir me mexer,
segurando Magnólia e esperando a placenta sair. Mostrei o cordão umbilical pros
meninos, expliquei que a bebê estava grudada em mim ainda."
Thiane
Araújo – Nascimento de Clara
Ricardo e Thiane com Clara nos braços, sob o olhar atento de Bruno |
"Durante
a gestação conversamos muito com Bruno sobre o parto. Que mamãe sentiria dores,
que eu poderia gritar, mas que ele não se assustasse, pois era normal e isso
era importante para Clara nascer. Que no nascimento dele também foi assim, só
que no hospital. Pedimos para Rosinha Acioli fazer
a preparação para o parto. Ele ouviu e participou de tudo super tranquilo. Como
comecei as contrações as 15h15 e ela nasceu as 17h46, ele acompanhou tudo.
Durante o parto queria entrar na piscina, mas as meninas disseram que eu falei
só pra entrar depois de nascer (partolândia, não me lembro do que falei).
Assim, nem precisamos falar. Próximo a ela nascer ele disse: 'mamãe, pense que a piscina é seu colchão e a água seu lençol'. Ele entrou logo na piscina pra curtir a chegada da
irmã. Depois cortou o cordão com o pai."
Ricardo corta do cordão umbilical de Clara sob o olhar atento de Bruno |
Roberta da
Fonte – Nascimento de Rafael
Arthur feliz com a chegada do irmão |
"Como
Arthur também nasceu em casa, ele sempre ouviu a gente falando sobre o
nascimento dele e já nem sei quantas vezes assistiu ao vídeo. Também sempre
mostrou interesse em assistir outros vídeos de parto, pois eu sempre vejo.
Muitas vezes conversava sobre estar presente no nascimento do irmão. Com muita
naturalidade. Sabia que poderia ver sangue e ouvir gritos. Passamos a gestação conversando sobre a presença e participação dele. Eu sempre
o quis ao meu lado neste momento. Mas André Costa da Fonte estava muito apreensivo por Arthur exigir muito. Passei a ver
por este prisma e fiquei receosa.
Mas... Como dizem, nessa hora os anjos conspiram para o bem de todos. Entrei em TP meio que programado, pois colocamos os 3 hots em prática. Foi "tiro e queda". Eram 2h, então, Arthur, com 6 anos e 5 meses completos no mesmo dia, estava dormindo.
Rafael sendo pesado sob o olhar atento de Arthur |
Passamos o TP inteiro apenas com Tatianne Cavalcanti Franck, Dan Gayoso e Gabriela Barros (nossa fotógrafa). Quando comecei a sentir vontade de fazer força, Arthur aparece em nosso quarto
e pergunta (eu na piscina): "Mãe, por que você dormiu comigo? Por que você
estava ao meu lado na cama a noite toda?". Isso me emocionou muito! Senti que algum ser superior tomou conta dele enquanto
poderia não ser tão legal a presença dele e o levou até nós no momento da
chegada de Rafael.
Arthur observa o irmão |
Rapidamente a cabecinha de Rafael saiu e André entregou a câmera a ele. A filmagem ficou bem legal (não repasso, pois estou em quatro apoios). Ele vibrou com a chegada do irmão. Me deu parabéns, quis entrar na água (mas desistiu quando ela ficou bem vermelha) e cortar o cordão (também desistiu. Ficou com medo de machucar Rafael).
Sou muito feliz com esses dois lindos. Super amigos e carinhosos."
Kalinne
Mendes – Nascimento de Luna
Amarílis observa a irmã |
"Ter a
presença de Amarílis (minha primeira filha, 3 anos) durante o trabalho de parto
foi maravilhoso. Contar com a boa energia e o amor dela foi extremamente
reconfortante e gratificante. Ela já está super acostumada de ver vídeos de
bebês nascendo de forma respeitosa comigo, sempre pede para assistir quando estou vendo um. Durante a contração ela dava as mãozinhas para eu apertar e me
olhava com um olhar de 'vai dar tudo certo, eu estou aqui mamãe'.
Aquilo me alegrava e me dava forças para seguir a jornada muito mais tranquila
e sorridente. Só uma pena ela não estar presente no momento do expulsivo, pois
ela tinha saído para brincar, e foi tão rápido que não deu tempo de chamar."
"Meu parto foi domiciliar, na água. Ter Helder e Heloisa (08 e 12 anos) foi incrível! Participaram de tudo com a maior naturalidade. Além de estarem ao meu lado segurando minhas mãos durante as contrações, ajudaram Dan, colocando água morna na minha barriga. Heloisa filmou todo o expulsivo e colocou a primeira roupinha em Maria Clara. Helder no momento do nascimento falou que foi incrível ver Maria Clara nascer. Foi tudo tão natural como tinha de ser."
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